
Pequim critica tarifaço de Trump contra Brasil e sinaliza novas parcerias com Embraer

Guo Jiakun, porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, criticou as tarifas de 50% anunciadas pelo governo Donald Trump contra o Brasil.
"Deixe-me ressaltar: guerras tarifárias não têm vencedores, e práticas unilaterais não servem aos interesses de ninguém", destacou o alto diplomata em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (28).
O representante destacou ainda que seu país está pronto para trabalhar com o Brasil, os demais países latino-americanos e caribenhos e os BRICS para ''defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a justiça e equidade internacionais''.

Em diversas ocasiões, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou disposição para formalizar uma reclamação junto à OMC contra as tarifas anunciadas por Donald Trump. Na segunda semana de julho, o mandatário afirmou que levaria o caso a seus ''companheiros'' do BRICS:
''Vou tentar e brigar em todas as esferas para que não venha taxação. Vou brigar no OMC, vou conversar com meus companheiros dos BRICS", disse Lula na ocasião.
Novidades no setor aéreo?
Quando questionado sobre o papel que o Brasil pode esperar da China e dos demais países do BRICS no setor de aviação – que seria duramente afetado pelas tarifas de Trump –, Jiakun demonstrou disposição para avançar na área:
"Sobre a cooperação em aeronaves (...), reafirmo que a China valoriza sua parceria concreta com o Brasil, inclusive no setor da aviação. Estamos prontos para promover essa cooperação com base em princípios de mercado, impulsionando o desenvolvimento nacional de ambos os países", pontuou.
Segundo a imprensa especializada, a Embraer mantém presença ativa no gigante asiático. ''Mais de 80 jatos da fabricante já operaram no país. (...) A empresa também obteve, em 2023, a certificação dos modelos E190-E2 e E195-E2 no país, ampliando o potencial de vendas. Outro foco estratégico é a conversão de aeronaves comerciais em cargueiros, atendendo à crescente demanda do comércio eletrônico chinês'', escreve o portal Aeromagazine.
Em novembro, Martyn Holmes, principal representante comercial da Embraer, observou que a gigante aérea busca expandir suas cadeias de suprimento, e destacou o papel que fornecedoras chinesas poderiam desempenhar nesse sentido.
''Acredito que este seja um momento oportuno para discutirmos essa questão (cadeia de suprimentos) com fornecedores chineses e analisarmos como podemos evoluir", afirmou na ocasião.

