O diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, criticou duramente os lançamentos aéreos de ajuda humanitária em Gaza, qualificando-os como "onerosos, ineficazes e até perigosos".
De acordo com Lazzarini, essas operações não reverterão a crescente fome e desviam a atenção das verdadeiras soluções. "São uma distração e uma cortina de fumaça. A fome provocada pelo homem só pode ser combatida com vontade política", afirmou o alto funcionário em uma publicação no X.
Lazzarini pediu o levantamento imediato do bloqueio e acesso seguro para o transporte de ajuda, instando que a ONU e seus parceiros possam operar sem obstáculos.
"Levantem o cerco, abram as portas e garantam a segurança dos deslocamentos e o acesso digno às pessoas necessitadas."
Ele acrescentou que a UNRWA tem o equivalente a 6.000 caminhões carregados com ajuda humanitária prontos na Jordânia e no Egito, aguardando autorização para entrar em Gaza.
O alto funcionário ressaltou que a entrega terrestre é mais eficiente e reduz riscos para a população. "Transportar a ajuda é muito mais fácil, eficaz, rápido, econômico e seguro. É mais digno para o povo de Gaza", reiterou.
Situação crítica
Organizações humanitárias e agências internacionais de notícias alertaram nesta semana que a situação na Faixa de Gaza é dramática, a ponto de seus próprios colaboradores estarem à beira da inanição.
Neste contexto, a ONU alertou que os 2,1 milhões de pessoas que vivem no enclave sofrem de insegurança alimentar. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, cerca de 900.000 crianças estão com fome e 70.000 mais apresentam sintomas consistentes com desnutrição, além de quase mil mortos pelo exército israelense enquanto tentavam conseguir alimentos.
Além disso, neste sábado, outro barco que tentava alcançar Gaza com ajuda humanitária, o Handala da Flotilha da Liberdade, foi interceptado por forças israelenses enquanto navegava em águas internacionais perto da costa do enclave palestino, em uma nova tentativa de quebrar o bloqueio.