Condenados e investigados pelos atos de 8 de Janeiro têm desafiado abertamente decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ministro Alexandre de Moraes.
Cresce o número de casos de rompimento ou abandono das tornozeleiras eletrônicas impostas como medida cautelar, revelou o portal Metrópoles neste sábado (26).
Nos últimos meses, uma série de episódios envolvendo o descumprimento das medidas de monitoramento eletrônico impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem vindo à tona. Em junho, Paulo Augusto Bufarah, de 55 anos, foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após romper o dispositivo de rastreamento e fugir para a Argentina. Bufarah foi detido assim que retornou ao Brasil.
Outro caso envolve o ex-comandante Klepter Rosa Gonçalves, que havia sido liberado mediante o uso da tornozeleira, mas deixou de utilizá-la em abril. A defesa alegou que o aparelho apenas estava "carregando" e que a situação teria sido regularizada em seguida.
Em João Pessoa, a advogada Edith Christina Medeiros Freire, de 57 anos, e o blogueiro Marinaldo Adriano Lima da Silva, de 23, romperam os dispositivos de monitoramento e foram declarados foragidos.
Segundo o Tribunal de Justiça da Paraíba, Edith está "evadida desde 30/8/2024", mas a comunicação ao STF só foi feita em abril deste ano. Marinaldo, por sua vez, afirmou à imprensa que retirou a tornozeleira por medo de ser confundido com traficantes na periferia onde vive.
O desrespeito às medidas judiciais tem ocorrido de forma recorrente. Em Colatina (ES), o radialista Roque Saldanha destruiu o equipamento e gravou um vídeo zombando da Justiça e insultando Moraes antes de ser preso, um mês depois.
A estudante de medicina Roberta Jersyka, da Universidade de São Paulo (USP), está foragida desde maio, após deixar de ser monitorada.
Em São Paulo, o Tribunal de Justiça comunicou ao STF que quatro investigados desapareceram do sistema de rastreamento: Natalia Teixeira Fonseca, Lindolfo de Oliveira, Dirce Gonçalves dos Santos e Lucenir Bernardes da Silva romperam as tornozeleiras pouco depois de Moraes determinar a apresentação de relatórios quinzenais sobre os monitorados.
Casos como o de Vitório Campos da Silva, acusado de invadir o gabinete da primeira-dama Janja da Silva, também revelam falhas sucessivas no sistema. Entre março e abril, sua tornozeleira registrou diversas interrupções de sinal, atribuídas pela defesa a problemas de conexão.
A tendência de desobediência ao monitoramento judicial expõe a dificuldade das autoridades em manter o controle sobre os réus.