
Premiê britânico diz que ajuda a Gaza não chega e anuncia evacuação de crianças palestinas

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, voltou a cobrar medidas urgentes para enfrentar a crise humanitária em Gaza neste sábado (26) e reiterou os compromissos anunciados no dia anterior. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou está determinado a encontrar um caminho para a paz.

Na sexta-feira (25), Starmer já havia se manifestado sobre a escalada da catástrofe humanitária no enclave palestino. Segundo ele, o país usará "todos os meios disponíveis" para levar alimentos e ajuda humanitária aos palestinos na Faixa de Gaza, além de anunciar a evacuação de crianças em estado crítico para tratamento médico no território britânico. "Essa catástrofe humanitária deve acabar", escreveu.
Em vídeo publicado na mesma data, Starmer disse que as cenas em Gaza são "incessantes" e que o povo britânico está "enojado" com o que vê.
"As imagens de fome e desespero são absolutamente horríveis. A negação de ajuda a crianças e bebês é completamente injustificável, assim como a continuidade da catividade de reféns", declarou.
O líder britânico criticou a morte de civis durante tentativas de obter ajuda humanitária. "Crianças foram mortas enquanto coletavam água. É uma catástrofe humanitária e deve acabar", afirmou.
Ele mencionou que o Reino Unido já destinou milhões de libras para Gaza, incluindo um adicional de 40 milhões apenas neste ano, mas reconheceu que essa assistência "não está chegando".
Diante do bloqueio, Starmer anunciou o aumento dos esforços para evacuar crianças palestinas que necessitam de assistência médica urgente. "Estamos trazendo essas crianças para o Reino Unido para tratamento médico especializado", disse.
Sobre o anúncio israelense de permitir lançamentos aéreos de ajuda, o primeiro-ministro afirmou que a decisão veio "muito tarde", mas que Londres fará uso dessa via para enviar alimentos e suprimentos. "Estamos trabalhando urgentemente com as autoridades jordanianas para embarcar a ajuda britânica em aviões e levá-la até Gaza", acrescentou.
Em declaração oficial divulgada na quinta-feira (24), Starmer classificou o sofrimento e a fome em Gaza como "indescritíveis e indefensáveis". Segundo ele, a situação atingiu "novas profundezas" e continua a se agravar. "Estamos testemunhando uma catástrofe humanitária", afirmou.
O primeiro-ministro anunciou que fará uma chamada de emergência com os parceiros do E3 [França e Alemanha] para discutir ações imediatas com foco em cessar os ataques, entregar alimentos e construir um caminho para a paz duradoura. Ele destacou o consenso sobre a urgência de Israel permitir a entrada de ajuda humanitária sem demora.
"É difícil ver um futuro de esperança em tempos tão sombrios", disse Starmer, reiterando o apelo por um cessar-fogo imediato e pela libertação incondicional dos reféns pelo Hamas. O premiê também expressou apoio aos esforços dos Estados Unidos, Catar e Egito nesse processo.
Starmer afirmou ainda que o direito à criação de um Estado é "inalienável" ao povo palestino e que o cessar-fogo deve abrir caminho para o reconhecimento do Estado da Palestina dentro de uma solução de dois Estados que garanta paz e segurança a palestinos e israelenses.
Starmer defendeu ainda um caminho para a paz baseado em medidas concretas, afirmando que o reconhecimento de um Estado palestino deve ser parte desse processo. "Sou inequívoco sobre isso", declarou. No entanto, ponderou que esse passo deve integrar um plano mais amplo que leve à criação de dois Estados e à "segurança duradoura para palestinos e israelenses".
Segundo ele, a nova posição britânica no cenário internacional permite mobilizar ações em prol de soluções reais. "Foi isso que fizemos com a Coalizão dos Dispostos em apoio à Ucrânia. E isso é o que deve acontecer no Oriente Médio: construir uma nova coalizão internacional em torno de um plano para acabar com o sofrimento, agora e no longo prazo", disse.

