A revista britânica The Economist afirmou em uma reportagem publicada na última quinta-feira (24) que a ofensiva do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil representa uma das maiores interferências norte-americanas na América Latina desde o fim da Guerra Fria.
As ações do presidente norte-americano começaram com o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, em retaliação ao que Trump chamou de "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de ter liderado um suposto plano de golpe de Estado após ter perdido a eleição de 2022.
A revista afirma que Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva são "inimigos ideológicos" e destaca que aliados do republicano têm criticado as investigações conduzidas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes sobre a propagação de desinformação nas redes sociais.
"No entanto, o gatilho para o ataque de Trump parece ter sido a cúpula do BRICS, um grupo de países emergentes, que o Brasil sediou nos dias 6 e 7 de julho", afirma a The Economist, em referência ao encontro realizado no Rio de Janeiro.
A revista aponta que a reação de Trump ao governo brasileiro não teve o efeito desejado sobre o cenário político nacional e, em vez de enfraquecer Lula, acabou reforçando seu apoio popular.
"Se atrair a ira de Trump deveria fortalecer a direita brasileira antes das eleições gerais do ano que vem, o plano está saindo pela culatra", afirma a publicação. Segundo a revista, "brasileiros de todos os tipos estão apoiando Lula".
O texto destaca ainda que a aprovação do presidente, que vinha em queda, voltou a subir, colocando-o na dianteira entre os possíveis candidatos para a disputa presidencial de 2026.
A The Economist destaca que Lula adotou um tom mais nacionalista, mas o clima entre seus assessores ainda não é de total confiança. Um ex-assessor afirmou que "se as tarifas entrarem em vigor e a crise econômica se instalar, Lula terá dificuldade em atribuir toda a culpa a Bolsonaro", informa a revista.
A reportagem encerra com uma pergunta: "A questão é quem, aos 79 anos, recuará primeiro: o impetuoso Trump ou o obstinado Lula?".
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