
General Mário Fernandes admite ser autor de plano para matar autoridades

O general do exército Mário Fernandes, um dos réus no processo que investiga a tentativa golpista, declarou nesta quinta-feira (24) que, como "cidadão", esteve no acampamento para o golpe montado em frente ao quartel do Exército em Brasília depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi derrotado das eleições presidenciais de 2022.
O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal em trâmite, que possui a expectativa de julgamento final para o segundo semestre de 2025 com decisão acerca da condenação ou absolvição dos acusados do chamado "núcleo 2" da conspiração golpista.
A denúncia da a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe foi dividida em quatro núcleos. O "núcleo 1", formado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus, foi interrogado em junho de 2025. Essa parte está nas alegações finais, a última fase do processo, e deve ser julgada em setembro.

Conforme noticiado pela Agência Brasil, o militar, que está preso desde novembro de 2024, foi interrogado por videoconferência pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na condição de réu do 'núcleo 2' da ação penal da trama golpista. Segundo a PGR, o grupo planejou ações para tentar sustentar a permanência ilegítima de Bolsonaro no poder em 2022.
O general é apontado como a ponte, ou seja, o elo entre os golpistas que se acamparam em frente ao quartel e o então governo de Jair Bolsonaro. Em audiência conduzida por um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, Mário confirmou que algumas vezes esteve no Quartel General (QG) do Exército, e também falou em defesa dos manifestantes que estavam no acampamento ao declarar que "parte deles não era golpista".
"Às vezes que eu fui no QG, fui como cidadão, vendo que era importante para o brasileiro apresentar suas demandas sociais e políticas", afirmou. Além disso, o ex-secretário definiu o plano "Punhal Verde e Amarelo" como um "pensamento digitalizado" e negou ter compartilhado ou apresentado o documento a outras pessoas.
Enquanto ocupava o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Mário foi apontado pelas investigações como o responsável pela elaboração do arquivo de word intitulado "Punhal Verde e Amarelo", com planejamento "voltado ao sequestro ou homicídio" do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente, Geraldo Alckmin.
No depoimento, o general defendeu que o arquivo era pessoal, mas ao mesmo tempo admitiu que determinou a impressão do documento em uma impressora do Palácio do Planalto. Entretanto, segundo o militar, o documento tinha como destino o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que era comandado pelo general Augusto Heleno, que também é réu no processo. Ele negou que o arquivo seria apresentado em uma reunião com Bolsonaro.
"A determinação foi minha ao meu chefe de gabinete, o Reginaldo Vieira de Abreu, que emitisse seis cópias. Essas seis cópias foram emitidas. O objetivo delas era apresentar ao GSI, que, doutrinariamente, era responsável pela montagem do gabinete de crise", disse.
"Não quer dizer a crise que a PGR pensa que é. Poderia ser qualquer outra crise. Era um assessoramento em apoio, no caso, ao general Heleno, que é um grande amigo, um grande mentor. Não tinha nada a ver com apresentação ao Bolsonaro", completou.

