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ONU denuncia: 'Pessoas em Gaza são cadáveres andantes'

As famílias da Faixa de Gaza estão entrando em colapso e não conseguem mais sobreviver, alertou o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos.
ONU denuncia: 'Pessoas em Gaza são cadáveres andantes'Uma mãe palestina segura seu filho desnutrido no campo de refugiados de Shati, em Gaza, 23 de julho de 2025. Jehad Alshrafi / AP

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou nesta quinta-feira (25) que a população de Gaza "não está nem viva nem morta, são cadáveres andantes". Ele citou um funcionário da agência que atua diretamente na região devastada pela guerra.

Lazzarini alertou que a desnutrição está se agravando entre crianças e adultos em toda Gaza. "Quando a desnutrição infantil dispara, os mecanismos de sobrevivência entram em colapso, o acesso a alimentos e cuidados médicos desaparece e a fome começa a se espalhar silenciosamente", escreveu no X.

Segundo a UNRWA, 1 em cada 5 crianças em Gaza sofre de desnutrição, com o número de casos aumentando todos os dias. Mais de cem pessoasmorreram de fome, a maioria delas, crianças.

"O estado das crianças atendidas por nossas equipes é grave: estão fracas, desnutridas e correm alto risco de morrer sem tratamento imediato", disse Lazzarini. Ele também afirmou que muitos pais "estão famintos demais para cuidar dos filhos ou seguir orientações médicas".

"As famílias estão se desfazendo, incapazes de continuar. A existência delas está ameaçada", declarou.

Crise atinge até equipes humanitárias

O representante da ONU afirmou que a crise humanitária atinge até os profissionais que tentam salvar vidas. Segundo ele, os trabalhadores de saúde da UNRWA sobrevivem com apenas uma refeição por dia, "muitas vezes só lentilhas".

Mesmo com a entrada de um carregamento de farinha nesta quarta-feira, a ajuda não supre nem de longe as necessidades básicas da população e das equipes humanitárias, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.

Ele denunciou que os esforços para entregar ajuda enfrentam barreiras logísticas e burocráticas impostas por Israel, além das hostilidades em curso. Apesar da liberação de pequenas quantidades de combustível nas últimas semanas, há mais de 20 semanas Israel não permite a entrada de barracas nem materiais para abrigos, segundo a ONU.