Conforme divulgado pela mídia brasileira, o ex-assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins, negou nesta quinta-feira (24) qualquer participação na elaboração da chamada "minuta do golpe" — documento que, segundo investigações da Polícia Federal, previa uma intervenção no Judiciário para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e convocar novas eleições.
Em depoimento à Justiça, Martins afirmou que "não teve contato" com o texto e contestou a própria existência da versão apresentada pela PF: "Essa minuta não existe nos autos do processo. Não há nenhum documento com as características que são dadas a ele pela Polícia Federal — 10 páginas de considerandos e planos de prisão de autoridades", declarou.
Martins também refutou as acusações de que teria chefiado o núcleo jurídico da suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, todas essas alegações são "falsas" e não têm respaldo nos autos. A defesa sustenta que o ex-assessor só teve conhecimento do documento por meio da imprensa.
A versão apresentada por Martins contradiz frontalmente o que foi dito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Em delação premiada, Cid afirmou que Filipe Martins teria entregue pessoalmente a minuta a Bolsonaro em pelo menos duas ocasiões.
Filipe Martins é um dos réus no chamado núcleo 2 da investigação sobre o 8 de Janeiro, grupo acusado de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e formação de organização criminosa armada.
O caso segue em análise pelo Supremo Tribunal Federal.