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Macron: "A França e seus aliados poderiam ter impedido o genocídio em Ruanda, mas não tiveram vontade"

A agência AFP divulgou fragmentos da mensagem que o presidente entregará no domingo.
Macron: "A França e seus aliados poderiam ter impedido o genocídio em Ruanda, mas não tiveram vontade"AP / Thibault Camus

Trinta anos após o genocídio de Ruanda, o presidente francês Emmanuel Macron admitirá que a França e seus aliados "poderiam ter impedido" o massacre, mas "não tiveram vontade de fazê-lo". A declaração de Macron será transmitida em uma mensagem de vídeo a ser postada nas redes sociais no próximo domingo, noticiou a AFP com referência a um alto funcionário francês.

Macron enfatizará que "quando a fase de extermínio total dos tutsis começou, a comunidade internacional tinha os meios para sabê-lo e agir", afirmou uma autoridade presidencial francesa que preferiu manter o anonimato.

O genocídio

Cerca de 800.000 tutsis e dissidentes hutus foram vítimas dos 100 dias de violência em Ruanda, entre abril e julho de 1994, após a morte dos presidentes Juvénal Habyarimana e Cyprien Ntaryamira (ruandês e burundês, respectivamente) em um atentado. Os corpos das vítimas do genocídio ainda estão sendo encontrados até hoje.

Ausente da comemoração

O presidente francês não viajará para a capital de Ruanda, Kigali, para participar do evento em memória do genocídio com seu homólogo de Ruanda, Paul Kagame. A França será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Stéphane Sejourne.

Durante uma visita a Ruanda em 2021, Macron reconheceu que seu país desempenhou um papel no genocídio que ocorreu na nação africana. "Nesse caminho, somente aqueles que viveram aquela noite talvez possam perdoar, nos dar o presente do perdão", expressou, acrescentando que, na época, a França ignorou os avisos sobre o massacre iminente do regime hutu, mas não foi "cúmplice" dele.

Uma comissão histórica criada por Macron em 2021 considerou o então Governo do presidente francês François Mitterrand (1981-1995) responsável por ações e omissões que contribuíram para o conflito étnico. Segundo a AFP, Macron não pediu desculpas e Kagame, que liderou a rebelião tutsi que pôs fim ao genocídio, há muito tempo insiste na necessidade de uma declaração mais forte.