
Startup diz que pode criar ouro a partir de outros metais

Uma startup de energia com sede em São Francisco apresentou um plano que promete transformar metais em ouro por meio de fusão nuclear.

Com base em um artigo acadêmico ainda não revisado por pares, a Marathon Fusion afirma ser possível converter mercúrio em ouro utilizando nêutrons gerados por reações de fusão.
A técnica envolve a introdução de mercúrio-198 em uma "manta de reprodução" no interior de um reator de fusão. Ali, os nêutrons transformam o material em mercúrio-197, isótopo instável que decai em ouro-197, a forma estável do metal.
O estudo chamou a atenção da comunidade científica. Para o físico de plasma Ahmed Diallo, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, a proposta é "teoricamente sólida e estimulante". Experimentos semelhantes já foram realizados em centros como o CERN, na Suíça, mas em escala limitada e com custos elevados.
Planos e desafios
Segundo a Marathon, seu método poderia gerar até 5 mil quilos de ouro por ano para cada gigawatt de eletricidade produzido, sem interferir na geração de energia nem no ciclo de combustível do reator.
A empresa arrecadou US$ 5,9 milhões em investimentos privados e obteve cerca de US$ 4 milhões em subsídios públicos. A ideia surgiu no início de 2024 e já foi apresentada em fóruns internacionais, como a Cúpula Breakthrough Energy, que reuniu nomes como Bill Gates.
Apesar do interesse, o processo ainda enfrenta obstáculos técnicos e de segurança. O ouro gerado pode conter isótopos radioativos, o que exige um período de armazenamento de 14 a 18 anos antes de ser considerado seguro.
A Marathon afirma que o processo pode ser aplicado a outros metais preciosos, mas aposta que o mercado global de ouro é grande o suficiente para absorver a nova oferta sem impacto relevante nos preços.
