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EUA explicam saída da Unesco e criticam agenda 'globalista e anti-Israel'

A diretora-geral da organização lamentou a decisão de Donald Trump, mas afirmou que "esse anúncio já era previsível".
EUA explicam saída da Unesco e criticam agenda 'globalista e anti-Israel'A sede da Unesco em Paris. Thomas Padilla / AP

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, explicou na terça-feira (23) por que o país deixará oficialmente a Unesco a partir de 31 de dezembro de 2026. Segundo ela, a organização promove uma agenda incompatível com a política externa "America First" e adota posições contrárias a Israel, especialmente desde que admitiu a Palestina como membro pleno em 2011.

"A Unesco promove causas sociais e culturais divisivas e segue uma agenda globalista dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que conflita com nossa política externa", disse Bruce. "A entrada do 'Estado da Palestina' na organização foi contrária à política dos EUA e incentivou uma retórica anti-Israel", completou.

A decisão foi comunicada à diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay. A Casa Branca confirmou que o presidente Donald Trump ordenou a retirada após revisar os estatutos da entidade por 90 dias. Para ele, a Unesco adota posturas "woke", antiamericanas e anti-Israel.

Direção da Unesco lamenta, mas diz que já esperava

Azoulay lamentou a decisão e afirmou que ela "contraria os princípios do multilateralismo" e pode afetar comunidades americanas envolvidas em projetos culturais, como patrimônios da humanidade e cidades criativas. Apesar disso, disse que o anúncio era previsível e que a Unesco já vinha se preparando com reformas internas e diversificação das fontes de financiamento.

Desde 2018, a Unesco vem reduzindo sua dependência financeira dos EUA. A contribuição americana, que já foi de 40% em alguns órgãos da ONU, hoje representa apenas 8% do orçamento da Unesco.

Azoulay também rebateu as acusações de anti-Israel. Segundo ela, a organização tem atuado fortemente no combate ao antissemitismo e na educação sobre o Holocausto.

  • Os EUA abandonaram a Unesco pela primeira vez em 1984, durante o governo de Ronald Reagan, e só retornaram duas décadas depois. Quatorze anos após a volta, o governo Trump anunciou em 2017 uma nova retirada da organização, mas a decisão foi revogada por Joe Biden em 2023.