O G7, formado por Alemanha, Canadá, França, EUA, Itália, Japão e Reino Unido, além da União Europeia, reagiram às ações do regime de Vladimir Zelensky contra o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU), alertando para o risco de comprometimento da independência institucional no país.
O que aconteceu
Na segunda-feira (21), o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) realizou mais de 70 buscas e apreensões contra pelo menos 15 membros do NABU, acusando alguns de seus servidores de ligações com a Rússia. Um dos detidos é Ruslan Magamedrasulov, chefe regional do órgão, suspeito de manter negócios com os russos e repassar informações ao FSB, a inteligência russa.
Segundo o NABU, a maior parte das acusações se refere a acidentes de trânsito, e os casos não estariam relacionados. A instituição afirma que as buscas e apreensões foram feitas sem ordem judicial e denuncia a tentativa de paralisar seu funcionamento.
Mesmo admitindo que há risco de infiltração russa em qualquer órgão do governo, a NABU destacou que isso não justifica o sufocamento de toda uma instituição.
O SBU afirma que Magamedrasulov mantinha contato com Fiodor Khristenko, ex-deputado de um partido banido na Ucrânia, acusado de traição e apontado como agente do FSB. A inteligência ucraniana também afirma ter descoberto um espião infiltrado no órgão anticorrupção, mas não revelou sua identidade.
Reações
Em comunicado, os embaixadores do G7 em Kiev disseram acompanhar o caso com "grande atenção" e expressaram preocupação com os impactos nas instituições ucranianas.
"Todos temos um compromisso com a transparência, a independência institucional e o combate à corrupção", afirmou o grupo.
A embaixadora da União Europeia na Ucrânia, Katarina Maternova, reforçou que o país fez grandes avanços nas reformas, inclusive durante o conflito, e que é crucial preservá-los para garantir o apoio internacional.
Já o deputado Alexey Goncharenko*, da Rada (Parlamento ucraniano), foi direto:
"O NABU pode ter colaborado com a Rússia? É possível. Mas o interesse do SBU pelo NABU surgiu depois do caso Chernyshov", escreveu Goncharenko em seu canal no Telegram. "Zelensky vem tentando destruir a independência do NABU há tempos. E agora está muito perto de conseguir. Circulam rumores na Rada de que o órgão pode ser desmantelado ou reestruturado."
O escândalo citado por Goncharenko envolve o vice-premiê e ministro da Unidade Nacional, Alexey Chernyshov, acusado de participar de um esquema de corrupção no setor da construção civil com prejuízos estimados em 1 bilhão de grivnias (cerca de US$ 24 milhões).
- O Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) foi criado em 2015 a pedido dos parceiros ocidentais da Ucrânia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
- Ela se apresenta como um órgão independente das forças de segurança com a função de investigar casos de corrupção envolvendo autoridades de alto escalão, juízes e membros de órgãos de segurança.
*Incluído na lista de terroristas e extremistas da Rússia.