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Baratas "cibernéticas" são desenvolvidas para missões de resgate

Trata-se das baratas gigantes de Madagascar que são equipadas com uma "mochila" eletrônica em suas costas. Eletrodos implantados em seu sistema nervoso permitem que elas sejam induzidas a girar e se mover em diferentes direções.
Baratas "cibernéticas" são desenvolvidas para missões de resgatewww.htx.gov.sg/

Cientistas de Cingapura desenvolveram "baratas cibernéticas" com o objetivo de facilitar os trabalhos de busca e resgate durante desastres naturais.

Dez dos robôs híbridos foram apresentados no país esta semana pela Home Team Science and Technology Agency (HTX), um órgão estatal nacional, durante o evento de ciência e tecnologia de segurança nacional, Milipol Asia Pacific & TechX Summit 2024. Os insetos participaram de testes entrando e saindo de pequenos buracos em uma exposição simulada de detritos, informa o jornal local The Straits Times.

Trata-se das baratas gigantes de Madagascar ("Gromphadorhina portentosa"), com cerca de 6 cm de comprimento, equipadas com um pequeno chip e uma "mochila" eletrônica nas costas. Um hardware e um algoritmo de controle enviam sinais elétricos para eletrodos implantados em seu sistema nervoso e as induzem a virar e se mover em diferentes direções.

Esses insetos são resistentes, ágeis e suficientemente pequenos para rastejar por fendas, evitar obstáculos e deslizar sobre detritos, características que os tornam ferramentas eficazes para localizar sobreviventes em situações de emergência. Seus dispositivos de bordo incluem uma bateria, câmera infravermelha, microfone, sensores ambientais e sensores de navegação.

Em um teste de campo realizado em um túnel totalmente escuro, as baratas ciborgues conseguiram atravessar o espaço e detectar o calor humano. Os operadores do centro de comando puderam acompanhar os movimentos das baratas em tempo real por meio de um painel de controle. "Os resultados podem ser transmitidos ao centro de comando de busca e resgate em tempo real por meio de um dispositivo de comunicação sem fio instalado na 'mochila' da barata", explica a HTX. No caso, por exemplo, de um terremoto, isso forneceria aos socorristas informações essenciais para salvar vidas.

O projeto é desenvolvido pela HTX, pela Nanyang Technological University e pela Klass Engineering and Solutions, e baseia-se na pesquisa de Hirotaka Sato. Durante vários anos, o professor de engenharia mecânica e sua equipe realizaram testes ao ar livre, onde as baratas enfrentaram chuva e umidade, além de terrenos acidentados, como escombros de concreto.

Melhor que um robô

De acordo com a HTX, esses "robôs-insetos híbridos" seriam mais eficientes do que os mini-robôs artificiais para missões de busca e resgate que têm sido propostos há muitos anos, porque sua mochila eletrônica requer apenas uma pequena bateria. Seus componentes não consomem tanta energia, pois a locomoção é proporcionada pela própria barata.

"As baterias usadas atualmente pelos robôs em miniatura duram apenas alguns minutos, o que as torna inadequadas para missões de busca e resgate que podem durar dias", explica a agência.

Por outro lado, as baratas têm a "capacidade natural de rastejar por espaços pequenos e confinados com grande destreza". Testes laboratoriais anteriores mostraram que elas são capazes não apenas de detectar humanos, mas também de navegar em áreas de forma autônoma e maximizar suas áreas de cobertura. Sua capacidade de fazer o mesmo em condições climáticas e físicas difíceis que podem ser esperadas em zonas de desastre na vida real está sendo testada agora.

A equipe de pesquisa por trás dessas "baratas cibernéticas" espera expandir suas capacidades de navegação e a estabilidade das comunicações sem fio, e também está trabalhando no hardware em suas costas. "Essas mochilas ainda estão em fase de pesquisa e desenvolvimento e têm componentes eletrônicos expostos. Futuras atualizações reduzirão seu tamanho e as tornarão mais resistentes às intempéries", diz a HTX.