Pedro, o Grande, ou Pedro I, é amplamente lembrado na história russa como o líder que voltou o país para o Ocidente. A Rússia teve sorte com seu território, mas azar com o clima, escreveu Dmitry Samoilov, jornalista e crítico literário, em artigo publicado no site Gazeta.ru.
"Até a segunda metade do século 19, petróleo e gás não significavam nada na economia nacional. Nem mesmo o carvão era valorizado. Solo fértil e número de dias de sol por ano eram fatores importantes. A ausência de ambos, de certo modo, retardou o desenvolvimento da Rússia. Não se trata de algum tipo de inércia genética ou patriarcado – trata-se de condições objetivas", afirma Samoilov.
Pedro I governava uma população equivalente à do rei francês Luís 14, seu contemporâneo, que, no entanto, arrecadava duas a três vezes mais em impostos e bens de seus súditos.
"O clima na França é melhor, a colheita é mais rica e, além disso, crescem plantações que podem ser armazenadas e vendidas por muito tempo. Azeitonas, uvas e tomates se transformam magicamente em azeite, vinho e tomates secos", observa o jornalista.
Em sua avaliação, a Rússia tinha ficado para trás da Europa tanto do ponto de vista financeiro quanto cultural. Pedro assimilou com êxito os princípios da organização estatal europeia e criou um Império, diz Samoilov, ao destacar que a construção de São Petersburgo foi "um projeto completamente impensável".
Pedro ergueu "uma cidade imperial europeia em um local extremamente difícil de construir e inadequado para a habitação humana, sem um sistema financeiro funcional e sem tecnologias testadas".
"Mas aqui, por favor, admire São Petersburgo – a pérola da Europa por mais de 300 anos, motivo de orgulho para todo o povo russo", escreveu o jornalista.
Principais feitos do reinado de Pedro, o Grande
- Criação de um exército regular
Em 1699, Pedro I decidiu formar um exército profissional, substituindo as milícias nobres da era de Ivan 3º, os Streltsy de Ivan, o Terrível, e os regimentos da "nova ordem" de Mikhail Fedorovich.
- Fundação da Marinha russa
O aniversário oficial da Marinha Russa é 30 de outubro de 1696. Na época, a Duma dos Boiares (conselho supremo sob o chefe de Estado russo) apoiou sua proposta de criar uma frota regular no mar de Azov. Pedro I chegou a construir navios nas florestas de Voronezh, às margens do rio Don. A bandeira oficial da frota, adotada em 1699, era um pano com a cruz de Santo André.
- Construção de São Petersburgo
Em 27 de maio de 1703, Pedro I fundou a cidade em terras retomadas dos suecos. A construção começou com a Fortaleza de Pedro e Paulo, no delta do rio Neva. Já em 1712, São Petersburgo havia se tornado a capital do país – cidade que o viajante italiano Francesco Algarotti chamou de "a janela através da qual a Rússia olha para a Europa".
Pela primeira vez na história russa, uma cidade foi erguida com planejamento: ruas retas formavam quarteirões geometricamente definidos, e as casas eram construídas segundo um modelo padrão.
- Obrigatoriedade do estudo
Em janeiro de 1714, nas províncias, foram abertas escolas de matemática, crianças de todas as classes, exceto servos, podiam aprender aritmética e ser alfabetizadas.
- Fundação da Academia de Ciências
Em 8 de fevereiro de 1724, Pedro I criou a Academia de Ciências da Rússia. À época, o monarca já integrava a Academia Francesa e conhecia a estrutura das instituições científicas europeias.
- Primeiro imperador da Rússia
Em 2 de novembro de 1721, Pedro I adotou oficialmente o título de imperador russo. A designação de "Pai da Pátria, Pedro, o Grande, Imperador de Toda a Rússia" foi proposta pelo Senado em homenagem à vitória sobre os suecos na Guerra do Norte.