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Lula e líderes da América Latina e Europa firmam aliança por democracia digital e paz em Gaza

Documento propõe rede global por justiça fiscal, combate à desinformação e inclusão de juventudes.
Lula e líderes da América Latina e Europa firmam aliança por democracia digital e paz em GazaRicardo Stuckert / Presidência da República

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Luis Lacalle Pou (Uruguai) assinaram, nesta segunda-feira (21), em Santiago, uma declaração conjunta durante a Reunião de Alto Nível "Democracia Sempre".

O documento reafirma o compromisso com a democracia, o multilateralismo e a cooperação internacional diante de ameaças como a desinformação, os extremismos e as desigualdades.

O encontro dá continuidade à iniciativa "Em defesa da Democracia: lutando contra o extremismo", iniciada durante o 79º período de sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, ocorrido em setembro de 2024. Em um contexto de crise global, os líderes alertaram para a necessidade urgente de uma agenda coordenada, ética e eficaz para enfrentar os desafios que afetam as instituições democráticas.

A declaração também faz um apelo por um cessar-fogo imediato em Gaza e exige acesso humanitário pleno, seguro e sem restrições à população civil, sob coordenação das Nações Unidas, em respeito ao direito internacional humanitário.

"Podemos ter diferentes visões do mundo, mas não se podem falsear os fatos", afirma o texto, que ainda destaca o papel do diálogo e da boa-fé na formulação de políticas públicas voltadas às necessidades dos povos.

Entre as iniciativas acordadas pelos presidentes, estão medidas que visam fortalecer a resiliência democrática por meio de articulações inovadoras e multilaterais. Os destaques incluem:

  • Criação de uma rede de países e sociedade civil para impulsionar mecanismos participativos voltados ao aprendizado mútuo e à construção coletiva de uma democracia mais aberta, inclusiva e conectada às realidades cidadãs;

  • Apoio à criação de uma rede global de centros de pensamento, que desenvolvam análises rigorosas, incentivem o debate baseado em dados e contribuam com propostas concretas em defesa da democracia;

  • Colaboração internacional pela transparência algorítmica e gestão de dados, além de cooperação técnica para uma governança digital democrática;

  • Reforço à Iniciativa Global da ONU e da Unesco pela integridade da informação sobre mudanças climáticas;

  • Seguimento ao Compromisso de Sevilha, considerado um avanço na agenda de financiamento para o desenvolvimento sustentável;

  • Apoio à criação de uma coalizão internacional para fiscalidade progressiva e justa, com fortalecimento da cooperação fiscal baseada nos princípios de transparência, equidade e soberania;

  • Promoção de um Observatório Multilateral de Juventudes frente ao Extremismo, liderado pela Organização Ibero-americana de Juventude (OIJ), com foco em geração de dados, intercâmbio de boas práticas e formulação de políticas inclusivas a partir de uma perspectiva interseccional e participativa.

O grupo também traçou uma rota para a próxima etapa da iniciativa, marcada para ocorrer durante o 80º período de sessões da Assembleia Geral da ONU, em setembro.

A expectativa é ampliar o número de países envolvidos e consolidar um espaço permanente de articulação global em defesa da democracia, dos direitos humanos e da justiça social.