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China constrói maior usina hidrelétrica do mundo: por que há controvérsia?

O megaprojeto chinês está localizado no Rio Yarlung Tsangpo, que atravessa a Região Autônoma do Tibete, e será capaz de produzir 300 bilhões de kWh de eletricidade por ano.
China constrói maior usina hidrelétrica do mundo: por que há controvérsia?Gettyimages.ru / China Photos

A China iniciou no sábado (19) a construção da maior usina hidrelétrica do mundo na Região Autônoma do Tibete, na China. A usina será capaz de produzir anualmente o equivalente à quantidade de eletricidade consumida pelo Reino Unido no ano passado.

No entanto, o ambicioso projeto levantou preocupações entre ambientalistas sobre seu suposto impacto ecológico e gerou tensões diplomáticas com a Índia e Bangladesh, que temem que o consumo de água a jusante possa ser afetado.

O que este ambicioso projeto chinês envolve?

O projeto consistirá em cinco usinas hidrelétricas que se projetarão em cascata pelo curso inferior do rio Yarlung Tsangpo, que flui do Tibete para a Índia e Bangladesh, onde é renomeado Brahmaputra. A barragem aproveitará o potencial energético oferecido por um trecho do leito do rio, descendo 2.000 metros ao longo de um trecho de 50 quilômetros.

Espera-se também que ela produza 300 bilhões de kWh de eletricidade por ano, três vezes mais do que a Barragem das Três Gargantas, localizada na província central de Hubei, considerada a maior usina hidrelétrica do mundo. A produção será usada para atender à demanda local no Tibete e para exportação.

O megaprojeto, com um investimento total estimado em cerca de 1,2 trilhão de yuans (aproximadamente US$ 167,8 bilhões), poderá entrar em operação na década de 2030. Os mercados chineses interpretaram o início da construção como um sinal de estímulo econômico do gigante asiático e viram os preços das ações subirem. 

Preocupações ambientais

O primeiro-ministro chinês Li Qiang saudou a iniciativa como "o projeto do século" durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental. No entanto, alertou que "ênfase especial" deve ser dada à conservação ecológica para evitar danos ambientais.

O Rio Yarlung Tsangpo se transforma no Rio Brahmaputra ao sair do Tibete e fluir para o sul em direção à Índia e, finalmente, a Bangladesh. Organizações ambientais afirmam que a futura barragem pode danificar irreversivelmente o Planalto Tibetano, um dos principais hotspots de biodiversidade do país, e afetar milhões de pessoas a jusante.

No entanto, Pequim afirma que o projeto passou por uma rigorosa avaliação científica e não afetará negativamente o ambiente ecológico, a estabilidade geológica ou os direitos de recursos hídricos dos países a jusante.