O governo indiano manifestou na última sexta-feira (18) sua insatisfação com o novo pacote de sanções aprovado pela União Europeia contra a Rússia. Segundo Nova Délhi, as medidas restritivas acabam prejudicando interesses energéticos da própria Índia, que mantém relações comerciais estratégicas com Moscou, especialmente na área de petróleo e gás.
O Ministério das Relações Exteriores da Índia disse que Nova Délhi "não adere a nenhuma sanção unilateral" contra Moscou e se considera "um agente responsável" no mercado global de energia.
"A segurança energética é uma responsabilidade de extrema importância para atender às necessidades básicas de nossos cidadãos. Ressaltamos que não devem ser aplicados dois pesos e duas medidas, especialmente com relação ao comércio de energia", disse o porta-voz ministerial Shri Randhir Jaiswal.
As declarações foram feitas após o anúncio do 18º pacote de sanções da UE contra a Rússia, com foco em uma tentativa de reduzir as receitas do setor petrolífero do país.
As medidas incluem a proibição de importações de produtos refinados derivados do petróleo bruto russo, restrição que também afeta a Índia, tendo como alvo sua segunda maior refinaria privada, a fábrica de Vadinar da Nayara Energy, no estado de Gujarat.
A instalação, que processa até 20 milhões de toneladas de petróleo bruto por ano, é de propriedade da Nayara Energy, uma empresa privada com capital indiano e russo na qual a empresa estatal russa de petróleo Rosneft detém uma participação de 49%.
O Kremlin destacou que a Rússia já se adaptou a viver sob sanções e desenvolveu "certa imunidade" a esses tipos de medidas, consideradas "ilegais" em qualquer caso. O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, declarou que o governo analisará o novo pacote de sanções "a fim de minimizar suas consequências".