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"Ela pediu para que rezássemos por ela": Família de voluntária morta por Israel fala com a RT

A família de Lalzawmi Frankcom, uma das sete voluntárias mortas em Gaza na segunda-feira, está de luto na Índia.
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Antes de dirigir-se à Gaza como trabalhadora humanitária, Lalzawmi (Zomi) Frankcom, de 43 anos, filha de pai australiano e mãe indiana, disse que seu objetivo era "fornecer ajuda e alimentos quentes" às pessoas afetadas pelo conflito no enclave palestino, conforme recordaram seus familiares.

A missão de Lalzawmi, no entanto, foi interrompida quando ela foi morta na segunda-feira, juntamente com outras seis pessoas, ao ter seu comboio atingido pelas Forças de Defesa de Israel (IDF).

Mesmo coordenando seus movimentos com os das IDF, o comboio humanitário foi atingido quando saía do armazém de Deir al-Balah, em Gaza, onde a equipe havia descarregado mais de 100 toneladas de ajuda alimentar.

Em um depoimento concedido à RT diretamente do estado de Mizoram, no nordeste da Índia, os membros da família de Lalzawmi detalharam a cadeia de eventos que levaram à sua jornada em Gaza.

A missão de Lalzawmi

No dia 1º de abril, Lalzawmi publicou uma mensagem no chat em grupo de sua família, informando que sua equipe havia recebido sinal verde para ir a Gaza. Ela pediu para que seus parentes orassem por ela, pois estava "um pouco nervosa". Ela também compartilhou uma selfie de si mesma vestindo um colete à prova de balas e um capacete. O registro, acredita-se, é a sua última foto.

Sua família na Índia diz ter ficado abalada com a notícia de sua morte.

"Lalzawmi era o coração da família, sempre tinha um grande sorriso no rosto e estava sempre cheia de energia", disse Lallawmawma (Awma), sua prima, à RT. "Ela era apaixonada pelo trabalho que fazia na World Central Kitchen, que considerava uma família. Ela tinha um ótimo senso de humor, podia contar piadas a qualquer momento e via o lado positivo em todos que conhecia."

Os parentes de Lalzawmi lembraram que ela sempre quis fazer duas coisas desde que era jovem. "Primeiro, quero ajudar o máximo de pessoas que puder e, segundo, quero viajar e conhecer o mundo o máximo que puder", disse ela certa vez, de acordo com seu primo.

Nate Mook, antiga liderança da World Central Kitchen, postou uma foto de Lalzawmi no X (antigo Twitter), observando que ela foi uma das primeiras funcionárias da organização. Sua jornada na ONG começou na Guatemala depois que o vulcão de Fuego entrou em erupção em 2018, matando cerca de 200 pessoas.

Repercussão internacional 

Na quarta-feira, o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese disse que havia expressado a "raiva e preocupação" de Canberra durante uma ligação telefônica com Netanyahu. "Pedimos total transparência e responsabilidade, e que a ajuda chegue a Gaza sem obstáculos e em grandes quantidades", afirmou Albanese no X.

Alguns dos aliados mais próximos de Israel, incluindo os Estados Unidos, condenaram a morte dos trabalhadores humanitários. Em meio à reação internacional sobre o incidente, o chef famoso e fundador do World Central Kitchen, Jose Andres, insistiu que os sete voluntários eram "o melhor da humanidade". "Eles não são sem rosto ou sem nome", disse ele ao The New York Times. "Eles não são trabalhadores humanitários genéricos ou danos colaterais na guerra."

Versões conflitantes

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças da IDF "atingiram pessoas inocentes sem querer" em um incidente "trágico". O chefe do Estado-Maior da IDF, Herzi Halevi, por sua vez, descreveu o bombardeio do comboio como um "grave erro".

Um relatório do jornal israelense Haaretz, no entanto, sugere que o ataque foi intencional, já que Israel disparou mísseis em três ocasiões diferentes por suspeitas de que um agente do Hamas estava viajando com o grupo.