Investigação comercial dos EUA ameaça relações com Brasil, alerta Amorim

Assessor de Lula classificou como a medida de Trump como uma "bomba atômica" para economia e afirmou que as relações entre os dois países estão no pior nível em mais de uma século.

A abertura de uma investigação comercial sob a Seção 301 dos Estados Unidos contra o Brasil, ordenada pelo presidente Donald Trump, leva as relações bilaterais ao pior momento desde o início do século 20, afirmou o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, em entrevista à Bloomberg publicada na quarta-feira (16).

Fontes ouvidas sob condição de anonimato disseram à agência que o foco imediato do governo é "encontrar a solução" para as tarifas, que podem atingir bilhões de dólares em exportações brasileiras. Para Amorim, a combinação de pressões comerciais e geopolíticas representa um ponto de ruptura histórica.

"Bomba atômica" comercial

O diplomata classificou a iniciativa como uma "ameaça injustificada" e "a bomba atômica das armas comerciais", destacando o caráter unilateral da medida.

"É como negociar com um revólver apontado para sua cabeça", afirmou, acrescentando que a decisão dificulta ainda mais o diálogo entre Brasil e Estados Unidos.

Amorim também mencionou a paralisia do mecanismo de solução de controvérsias da OMC, o que, segundo ele, agrava a crise.

"Interferência inapropriada" da OTAN

Na mesma entrevista, Amorim rebateu declarações do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que havia ameaçado Brasil, China e Índia com sanções secundárias dos EUA pela compra de petróleo russo.

"Essa é uma interferência totalmente inapropriada e absurda, porque, para o bem ou para o mal, é uma organização da qual o Brasil não faz parte e não quer fazer parte." Ele pediu que Rutte seja "um pouco mais responsável" em declarações públicas.

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