O Governo da Espanha apoiará a entrada da Palestina nas Nações Unidas como membro pleno, segundo declarações feitas pelo ministro das Relações Exteriores, União Europeia e Cooperação, José Manuel Albares.
"Nós vamos reconhecer a Palestina como um Estado soberano, portanto, um Estado soberano tem seu lugar entre todas as nações e todos os Estados soberanos do planeta nas Nações Unidas", disse o chanceler nesta quarta-feira, ao chegar à reunião dos ministros das Relações Exteriores da OTAN, segundo informações da Europa Press.
A Palestina já havia tentado em 2011, mas deparou-se com o veto dos EUA no Conselho de Segurança e a iniciativa fracassou. Um ano depois, em 2012, foi concedido o status de membro observador, graças ao apoio da Assembleia Geral da ONU.
Com isso, o Governo espanhol está dando mais um passo em direção à solução de dois Estados, que defende como a única forma de acabar com o conflito na Faixa de Gaza, depois que foi anunciado na última segunda-feira que o país europeu reconhecerá o Estado palestino antes do verão.
Ainda na segunda-feira, a embaixadora de Malta na ONU, Vanessa Frazier, anunciou que a filiação da Palestina à organização internacional será uma das prioridades de sua presidência do Conselho de Segurança, que será exercida durante o mês de abril.
O processo dificilmente será bem-sucedido, embora não seja impossível. A candidatura teria que obter o apoio de oito dos 15 membros do Conselho de Segurança e, em seguida, obter o apoio de dois terços dos países membros da Assembleia Geral.
A iniciativa poderá ser debatida dentro de duas semanas, no dia 18. Malta é um dos quatro países europeus, juntamente com a Espanha, a Eslovênia e a Irlanda, que em 22 de março assinaram uma declaração conjunta comprometendo-se a reconhecer o Estado palestino "quando ele puder fazer uma contribuição positiva e as circunstâncias forem apropriadas".
Durante todo o procedimento, o veto de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança também pode ocorrer, e é nesse ponto que todos os olhos se voltam para os EUA, que foram responsáveis pelo fracasso de 2011.
Se a candidatura da Palestina na ONU for adiante, poderia ser o apoio definitivo à proposta da Espanha de realizar uma conferência internacional para pôr fim ao conflito na Faixa de Gaza.
Desde que a ofensiva israelense começou nesse território ocupado, após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, o número de palestinos mortos ultrapassou 32.000, o número de feridos subiu para 75.000 e há 1,9 milhão de pessoas deslocadas, 90% da população.