França, Alemanha e Reino Unido ameaçam Irã com reimposição de sanções

Ministério das Relações Exteriores francês informa que as sanções suspensas no âmbito do acordo de 2015 retornariam se não houvesse avanços na questão nuclear.

Nesta terça-feira (15), Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores francês, comunicou que as sanções econômicas impostas ao Irã suspensas pelo Plano de Ação Conjunto Global, acordo assinado em 2015 que estabelecia monitoramento do programa nuclear iraniano, retornarão "no máximo" até o final do próximo mês caso não haja avanços nas negociações com o país persa.

Antes de uma reunião com ministros das Relações Exteriores da União Europeia em Bruxelas, o ministro declarou que "a França e seus parceiros têm [...] justificativa para reaplicar os embargos globais a armas, bancos e equipamentos nucleares que foram suspensos há 10 anos" e que "sem um compromisso firme, tangível e verificável do Irã", as sanções serão aplicadas "até o final de agosto, no máximo", conforme informou a agência Al Jazeera.

No mesmo dia, diplomatas britânicos, franceses e alemães se reuniram na ONU para discutir a reimposição das sanções. Além destes países, participaram da construção do Plano de Ação Conjunto Global, também conhecido como "acordo nuclear iraniano" e que vigora desde o início de 2016, China, Rússia, União Europeia, bem como o próprio Irã.

Um pouco antes, na segunda-feira (14), a questão também foi discutida em um telefonema entre os ministros das Relações Exteriores dos três países e o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Conflito entre Estados Unidos, Israel e Irã

Já em 2018, unilateralmente e sem consultar os países europeus, os EUA se retiraram do acordo e reintroduziram sanções contra o Irã, aumentando as tensões na região.

Neste contexto, Israel tem se oposto às atividades nucleares iranianas, um dos motivos para a recente intensificação do conflito militar com o país persa.

Em entrevista à Agência Brasil, o professor Robson Valdez, do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), relembrou que o Brasil, juntamente com a Turquia, articulou a pedido dos Estados Unidos um acordo com o governo iraniano em 2012, que, segundo o professor, não foi aceito por ter sido articulado por dois "países médios" e sem "relevância e capital político internacional para liderar um acordo dessa envergadura".

Posição iraniana

O Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que o retorno das sanções da ONU pelos signatários europeus do acordo nuclear de 2015 "encerraria" o papel da Europa na questão nuclear iraniana e como mediadora entre Teerã e Washington.

Anteriormente, o chanceler do país persa também havia comunicado que o Irã estava disposto a retomar o diálogo com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, desde que haja garantias de que Washington não realizará ataques militares durante as negociações.