França ameaça restabelecer sanções contra Irã caso não haja avanço em acordo nuclear

País cobra progresso "verificável" até o fim de agosto e países como EUA, Reino Unido e Alemanha apoiam medida.

Durante encontro com chanceleres da União Europeia nesta terça-feira (15), em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, declarou que o Irã pode voltar a ser alvo de sanções da ONU se não houver progresso "tangível e verificável" nas negociações nucleares até o fim de agosto.

A afirmação ocorre em meio ao crescente impasse diplomático envolvendo o programa nuclear iraniano.

Segundo Barrot, "França e seus parceiros têm direito a voltar a aplicar os embargos globais sobre armas, bancos e equipamentos nucleares que foram suspensos há dez anos". Ele também afirmou que "o Irã violou as obrigações que assumiu há dez anos durante as negociações nucleares iranianas".

As medidas mencionadas integram a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU e fazem parte do Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA), assinado em 2015 e enfraquecido após a saída dos Estados Unidos em 2018. Desde então, potências europeias buscam manter o acordo ativo por meio de pressão diplomática.

Alinhamento com potências ocidentais

De acordo com a agência Axios, autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha definiram, em conversa telefônica nesta semana, o fim de agosto como prazo para o Irã apresentar avanços no acordo. Caso contrário, os países europeus pretendem acionar o mecanismo de "snapback", que permite a reimposição automática das sanções suspensas pelo Conselho de Segurança da ONU em 2015.

Postura iraniana 

O chanceler iraniano Abbas Araghchi reiterou que seu país está disposto a retomar negociações com os Estados Unidos, desde que haja garantias de que não haverá ataques militares durante o processo.

"Sem esses compromissos, não há possibilidade de diálogo", disse.

Araghchi também acusou os países europeus (em especial, a França) de parcialidade, e questionou a ausência de condenações às ofensivas israelenses e americanas contra o território iraniano.

"Como exigir que o Irã siga as regras do jogo internacional, se países como a França não condenam abertamente agressões militares e ainda toleram que outras nações desenvolvam ou comercializem mísseis de longo alcance?", disparou.