
Governo denuncia falta de resposta dos EUA a carta sobre tarifa e cobra negociação imediata

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, criticou nesta segunda-feira (15) o silêncio do governo dos Estados Unidos diante da carta enviada pelo Brasil há dois meses, na qual o Palácio do Planalto solicitava negociação direta sobre a tarifa imposta a produtos brasileiros.

Segundo Alckmin, o documento, que tinha caráter confidencial, nunca foi respondido.
"Mandamos uma carta há dois meses com tratativas de entendimento, mas não obtivemos resposta. Sempre houve diálogo, mas essa ausência de retorno é incompreensível", afirmou.
A cobrança foi feita após a primeira rodada de reuniões com o setor produtivo nacional para discutir estratégias contra a medida dos Estados Unidos.
Estiveram presentes representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e de setores exportadores como o siderúrgico, têxtil, metalúrgico e papel e celulose. Também participaram ministros da Fazenda, Planejamento, Itamaraty, Casa Civil e Portos.
A tarifa, considerada "muito injusta" por Alckmin, foi duramente criticada durante o encontro. "É uma decisão negativa também para os Estados Unidos. Pode encarecer produtos e afetar a própria economia americana", alertou.
O governo brasileiro pretende intensificar as articulações junto a empresários e autoridades norte-americanas para tentar reverter a medida ainda antes do prazo final, previsto para 1 de agosto.
Alckmin destacou que os dados do comércio bilateral não justificam a elevação da tarifa. De janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras para os Estados Unidos cresceram 4,37%, enquanto as importações de produtos norte-americanos aumentaram 11,48%.
"Num momento de recorde de exportações dos EUA para o Brasil, é totalmente incompreensível essa decisão", reforçou.
A reunião também debateu o pedido do setor produtivo por uma prorrogação de ao menos 90 dias no prazo para a vigência da tarifa. Segundo a CNI, o tempo é necessário para aprofundar o diálogo e construir uma proposta viável. O governo avalia encaminhar esse pedido oficialmente, caso não haja avanço nas próximas semanas.
Apesar da falta de resposta à carta, Alckmin reforçou que o canal de comunicação com os EUA segue aberto. "Conversei pessoalmente com o secretário Howard Lutenich e com o embaixador Grier, da USTR. Houve até reunião técnica no feriado de 4 de julho. O diálogo sempre existiu", destacou o vice-presidente.
O governo pretende continuar as reuniões com setores produtivos ao longo da semana e acelerar os contatos com representantes do empresariado norte-americano. "Estamos todos falando a mesma língua. É preciso racionalidade para resolvermos esse problema de forma conjunta", concluiu.

