O Brasil conquistou um novo espaço no mercado externo ao anunciar, nesta segunda-feira (14), a abertura do México para produtos brasileiros destinados à alimentação de animais domésticos.
A medida foi possível após a aprovação do modelo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) por parte das autoridades mexicanas.
A decisão marca uma ofensiva para o setor pet brasileiro em um momento de forte tensão entre Cidade do México e Washington.
No sábado (12), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre todos os produtos provenientes do México, com entrada em vigor prevista para 1º de agosto.
"Essas tarifas podem ser ajustadas, para cima ou para baixo, dependendo de nosso relacionamento com seu país", declarou Trump em carta enviada à presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
A resposta veio no mesmo dia. Durante visita a Guaymas, no estado de Sonora, Sheinbaum afirmou que "a soberania do nosso país não é negociável".
Mesmo diante da pressão norte-americana, o México manteve tratativas comerciais com outros parceiros. Segundo nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura e Pecuária (MAPA), a abertura do mercado pet mexicano para o Brasil representa a 393ª conquista do agronegócio brasileiro desde o início de 2023.
Segundo o documento oficial do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em 2024, o México importou mais de 2,9 bilhões de dólares em produtos agropecuários do Brasil, com destaque para o complexo soja, proteínas animais, café e produtos florestais. Os Estados Unidos, até então, eram os principais fornecedores para setores estratégicos da agroindústria mexicana.
Dados de comércio exterior mostram que, em 2023, o México importou cerca de 1,03 bilhão de dólares em alimentos para cães e gatos, dos quais 885 milhões de dólares vieram dos Estados Unidos, equivalendo a 86% do total, segundo dados oficiais. O número evidencia a forte dependência da indústria pet mexicana em relação ao fornecimento norte-americano.
A entrada do Brasil ocorre, portanto, em um momento de reposicionamento geopolítico e comercial. Com cerca de 130 milhões de habitantes e o segundo maior mercado de produtos pet da América Latina, o México se torna uma frente estratégica para empresas brasileiras do setor.
O relatório "Grain and Feed Annual 2025" destaca que o México segue fortemente dependente de grãos importados. No caso do milho, por exemplo, as importações devem atingir 18 milhões de toneladas na safra 2024/25, e a expectativa era que os Estados Unidos estivessem como principal fornecedor.
As negociações para reverter a medida tarifária dos EUA seguem em curso. Sheinbaum afirmou que o grupo de trabalho bilateral criado para tratar do tema teve um encontro produtivo com representantes do Departamento de Estado, do Comércio, da Energia e do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.