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Brasil irá aderir a processo na ONU em que África do Sul acusa Israel de cometer genocídio em Gaza

O anúncio, feito pelo chanceler Mauro Vieira, se alinha às últimas declarações do presidente Lula, que já afirmou que as forças militares israelenses "só matam inocentes, mulheres e crianças".
Brasil irá aderir a processo na ONU em que África do Sul acusa Israel de cometer genocídio em GazaAP / Jehad Alshrafi

O Brasil decidiu aderir à ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), na qual Pretoria acusa Tel Aviv de cometer genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza. A informação foi revelada pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, em entrevista à Al Jazeera divulgada no domingo (13).

Quando questionado pela jornalista Lucia Newman sobre o motivo do Brasil ainda não ter apoiado a ação judicial sul-africana, movida há dois anos, Vieira respondeu: "Mas nós iremos", afirmando que o país "está trabalhando nisso" e que essas "boas notícias" serão divulgadas "em um período muito curto".

O chanceler afirmou que as últimas ações de Tel Aviv no enclave palestino foram as principais motivações para o endurecimento da postura de Brasília, enfatizando que o Itamaraty sempre realizou "grandes esforços" buscando promover negociações no conflito.

A postura está em sintonia com as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem denunciado repetidamente as ações das forças israelenses como um "genocídio", afirmando que "só matam inocentes, mulheres e crianças".

Ao aderir formalmente à ação, o Brasil poderá apresentar memoriais escritos, sustentar argumentos orais e participar das fases processuais seguintes.

A iniciativa sul-africana acusa Israel de violar a Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, argumentando que declarações públicas de autoridades israelenses desumanizavam a população palestina, demonstrando intenções de destruir o grupo. Já Tel Aviv acusa Pretória de atuar como um "braço jurídico do Hamas", rejeitando uma motivação genocida em sua atuação na Palestina.