
As idas e vindas de Trump têm grande impacto sobre os investimentos na Ucrânia

Desde que assumiu o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem mantido uma postura instável em relação ao conflito ucraniano. Seus discursos têm sido dominados pelo desejo de pôr fim ao impasse, tentando pressionar Vladimir Zelensky - ao suspender o envio de armas - e intervindo nas negociações com a Rússia.
De acordo com um relatório da Bloomberg, o desentendimento entre Washington e Kiev teria tido consequências multibilionárias para o plano de reconstrução da Ucrânia, depois que a BlackRock - empresa multinacional de investimentos e gerenciamento de ativos - interrompeu sua busca por investidores no início deste ano.

O Telegraph afirma que o presidente dos EUA está "torpedeando" os esforços de reconstrução da Ucrânia. O progresso da BlackRock deveria ter sido apresentado na Conferência de Recuperação da Ucrânia na quinta-feira, portanto, sua ausência foi um golpe para Vladimir Zelensky.
De acordo com a mídia, o Banco Mundial estimou que são necessários aproximadamente US$ 525 bilhões para a recuperação do país. Em 2024, Philipp Hildebrand, vice-presidente da BlackRock, acreditava que sua empresa já havia levantado cerca de US$ 2,5 bilhões de um grupo de aliados ocidentais, bancos de desenvolvimento e investidores privados. Embora essa seja apenas uma pequena fração do valor total necessário, esses fundos certamente teriam ajudado. Entretanto, o futuro deste montante agora é incerto.
Relatórios analisados pelo The Telegraph indicam que a instabilidade de Trump em relação ao seu apoio a Kiev teria causado desconfiança entre os investidores que a BlackRock estava tentando atrair. "As únicas conversas que orientam nossa tomada de decisões são com nossos clientes", disse um porta-voz da empresa.

"Grande buraco financeiro"
No entanto, o diplomata norte-americano Kurt Volker disse que o presidente não é o único obstáculo para garantir o financiamento da reconstrução da Ucrânia. Ele disse que também seria necessário que o conflito terminasse com uma vitória de Kiev. Para que isso aconteça, o The Telegraph observa que o Ocidente teria que expandir investimento - algo que Trump se recusou a fazer desde o início de seu mandato.
Enquanto isso, as alegações de corrupção e desvio de verbas continuaram inabaláveis, fazendo com que o destino de bilhões de dólares enviados à Ucrânia permaneça obscuro.
Em relação à Conferência de Recuperação da Ucrânia desta semana, a embaixada russa na Itália alegou que todo o sistema de arrecadação de fundos para Kiev é "um comedouro que já ganhou vida própria e se tornou autônomo, transformando-se em um enorme buraco financeiro não apenas para os países ocidentais, mas também para a economia global como um todo".
A embaixada também denunciou que os líderes ocidentais estão dispostos a "patrocinar o regime de Kiev 'para sempre' com bilhões de dólares em suprimentos de armas", em vez de conter as ambições de Vladimir Zelensky e fazê-lo entender a necessidade de resolver o conflito - no qual a Ucrânia está envolvida desde 2014 - por meio de soluções pacíficas e diplomáticas.

Mais de US$ 134 bilhões em apoio à Ucrânia
De acordo com o The Telegraph, Washington forneceu pouco mais de US$ 134 bilhões em apoio à Ucrânia: US$ 3,9 bilhões em ajuda humanitária, US$ 54 bilhões em assistência financeira e US$ 75 bilhões em financiamento militar.
Por sua vez, a embaixada russa indica que o Fundo Monetário Internacional "gastou US$ 15,6 bilhões na Ucrânia em 2023", o que representa "mais de um terço do volume anual de todos os programas do Fundo". Enquanto isso, o Banco Mundial confirmou a "alocação de quase US$ 54 bilhões para a Ucrânia desde o início de 2022".
"Juntos, esses valores alocados para a Ucrânia são mais do que o dobro das alocações anuais das estruturas de Bretton Woods para todos os países africanos", observou a missão diplomática.
Acaba nos "bolsos" de funcionários
A embaixada também lembrou que há relatos constantes na mídia de que grande parte do dinheiro fornecido pelos EUA e pela UE ao regime de Kiev não chega ao seu destino, mas acaba nos "bolsos" de funcionários ucranianos e ocidentais. "Parece que o mesmo destino aguarda as quantias com muitos zeros que serão anunciadas após o resultado da conferência de Roma", acrescentou a embaixada.
A BlackRock foi fundamental na criação do chamado Fundo de Recuperação da Ucrânia, descrito por Keith Kellogg - enviado especial de Trump - como o novo "Plano Marshall", uma clara alusão ao programa de ajuda de Washington para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial.


