Os aliados ocidentais acreditam que, apesar da retórica dura em relação a Moscou, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considera Vladimir Putin seu principal parceiro de negociação para a resolução do conflito na Ucrânia — e vê o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, como o principal obstáculo à paz. A informação foi repassada ao Financial Times por fontes próximas às tratativas internacionais e publicada na última sexta-feira (11).
Especialistas também compartilham a visão de que a postura mais firme adotada por Trump não deve alterar substancialmente o equilíbrio de forças a favor de Kiev.
"Na verdade, isso não significa que os EUA se tornarão repentinamente um grande aliado e apoiador da Ucrânia, ou que serão mais importantes do que têm sido até agora", afirmou Max Bergmann, analista do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), sediado em Washington.
Duas autoridades de alto escalão envolvidas em negociações com o governo americano nas áreas de defesa e segurança relataram que, embora a retórica do presidente tenha gerado expectativas entre aliados europeus, até o momento há poucos sinais de que a Casa Branca pretenda adotar uma postura mais favorável à Ucrânia.
As fontes destacaram que, apesar do anúncio sobre o envio de sistemas Patriot, o fornecimento dessas armas dificilmente alterará de forma decisiva a dinâmica no campo de batalha.
"Há um pouco de empolgação excessiva com base em uma mudança de tom [...] Mas não estamos vendo isso se traduzir em ações significativas", avaliou uma das autoridades.
Para Rachel Rizzo, pesquisadora sênior do Europe Center do Atlantic Council, "o anúncio de Trump é provavelmente mais um fator de sua frustração com Putin do que sua afeição por Zelensky ou seu apoio à Ucrânia".
Trump eleva o tom contra Moscou
Na última terça-feira (8), Trump expressou publicamente sua frustração com o presidente russo. "Putin joga um monte de mer** em nós. Se você quer saber a verdade, ele é muito legal o tempo todo, mas acontece que isso não tem relevância", declarou. No mesmo contexto, afirmou que está considerando "fortemente" a imposição de novas sanções contra Moscou.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou no dia seguinte que o Kremlin recebe "com bastante calma" a mudança no discurso da Casa Branca. Peskov acrescentou ainda que Trump, "em geral, tem um estilo bastante duro nas frases que usa".