
Tarifas de Trump sobre Brasil podem encarecer café, carne e papel nos EUA

As novas tarifas ao Brasil, impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem afetar diretamente os consumidores e os preços internos no país norte-americano, informou a Bloomberg nesta sexta-feira (11).

A lista dos principais produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos até junho de 2025 revela o papel-chave do país sul-americano, cobrindo setores estratégicos.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior indicam que as novas tarifas poderão impactar um amplo espectro da economia bilateral, gerando efeitos em diferentes cadeias de suprimento.

Café
No ano passado, os Estados Unidos importaram café do Brasil no valor de quase 2 bilhões de dólares (aproximadamente 11 bilhões de reais), o que corresponde a cerca de 30% do consumo total do produto no país, segundo o grupo exportador Cecafé.
"É uma perda para nossas empresas e significa mais custos e mais inflação para os consumidores americanos", afirmou Marcos Matos, diretor do grupo.
O Brasil é o principal produtor mundial da variedade arábica premium, preferida por redes como a Starbucks e a maioria das cafeterias especializadas. A publicação destaca que os preços desse tipo de café já haviam disparado no último ano devido às condições climáticas adversas no Brasil, que ameaçaram a oferta.
As tarifas contra o Brasil podem causar um "aumento considerável" nos preços do café, alertou Giuseppe Lavazza, presidente da empresa italiana Lavazza.

Carne
A análise feita pela agência mostra que os frigoríficos dos Estados Unidos dependem cada vez mais das importações de carne bovina, diante da menor quantidade de gado nos EUA em mais de 70 anos. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos revelam que, no ano passado, o país importou do Brasil carne bovina no valor de aproximadamente 1,4 bilhão de dólares (aproximadamente 7,7 bilhões de reais).
Segundo a Bloomberg, é provável que os produtores brasileiros redirecionem os envios. A empresa brasileira Minerva SA afirmou que pode atender ao mercado norte-americano por meio de suas operações na Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália.
A Associação Brasileira de Exportadores de Carne também apontou os riscos à "segurança alimentar e ao abastecimento global", ao mesmo tempo em que reforçou seu compromisso com o diálogo entre os dois países.
Suco de laranja
O Brasil responde por cerca de 70% das exportações globais de suco de laranja e tem papel essencial no fornecimento ao mercado norte-americano. Nesse contexto, os contratos futuros do suco subiram 6% na quinta-feira (10), atingindo o maior valor em quase um mês.
Segundo o grupo CitrusBR, a nova tarifa será significativamente superior à atual, representando um imposto superior a 70% do valor do produto.
Isso tornaria as exportações "inviáveis", afirmou o diretor executivo do grupo, Ibiapaba Netto.

Papel
O Brasil abriga a sede da Suzano SA, maior exportadora mundial de celulose, utilizada na fabricação de produtos como papel higiênico. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil mostram que a celulose ocupa o quarto lugar entre os produtos agrícolas exportados do Brasil para os Estados Unidos, ao lado de papel e madeira compensada.
O diretor executivo da Suzano, João Alberto de Abreu, declarou em maio que a empresa já havia repassado aos compradores norte-americanos os custos das tarifas, que na época estavam em 10%. Segundo o Citibank, a empresa é a mais exposta às tarifas entre os produtores brasileiros de matérias-primas, já que cerca de 15% de sua receita vem dos Estados Unidos.
Açúcar
Washington também aumentou significativamente as importações de açúcar do Brasil, maior produtor mundial do produto.
No ano passado, os Estados Unidos importaram do Brasil um volume recorde de açúcar, superior a 1 milhão de toneladas. Até então, o produto era adquirido com tarifa reduzida de 14%, mas as novas taxas podem mudar esse cenário.

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