
Saiba a razão 'oculta' da guerra de Trump contra o Brasil

O aumento de 50% nas tarifas americanas sobre produtos brasileiros tem como pano de fundo um embate envolvendo regras para plataformas digitais no Brasil, segundo fontes ouvidas pela Folha.
Além das pressões políticas relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à atuação do BRICS, o principal fator por trás da medida seria a reação do governo de Donald Trump às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre regulação de redes sociais.

De acordo com especialistas, o processo em curso no STF para definir a responsabilidade das plataformas sobre o conteúdo publicado foi interpretado por Washington como uma "ameaça à liberdade de expressão".
No centro da controvérsia está o ministro Alexandre de Moraes, que impôs sanções ao bilionário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), e determinou a suspensão da Rumble, também acusada de descumprir ordens judiciais.
Em fevereiro deste ano, o Trump Media & Technology Group, empresa do atual presidente americano, e a Rumble moveram uma ação conjunta contra Moraes, alegando censura à direita nas redes sociais.

Na segunda-feira (7), um integrante do governo Trump ouvido pela Folha classificou as decisões do STF como uma tentativa de "desestabilizar a democracia" para sustentar o governo Lula.
Sanções em alta
Embora inicialmente os EUA tenham avaliado apenas sanções específicas contra Moraes, nas últimas semanas o governo Trump decidiu ampliar a retaliação. Segundo o jornal, o presidente americano passou a defender o uso de tarifas como instrumento de pressão, inclusive antes da cúpula dos BRICS, realizada nesta semana no Rio de Janeiro.
A decisão de impor o chamado "tarifão" de 50% teria surpreendido parte da equipe do governo, que sugeria medidas mais pontuais e restritas a certos produtos.
A nova taxação coincide com o agravamento das críticas dos EUA à condução da Justiça brasileira e à suposta "caça às bruxas" contra Bolsonaro, acusado de envolvimento em tentativa de golpe em janeiro de 2022.
