
Lula alerta para erosão do multilateralismo, critica falhas da ONU e defende reforma das instituições globais

Em um artigo de opinião divulgado na quinta-feira em diversos veículos internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um alerta sobre a erosão da ordem multilateral e criticou a incapacidade das nações mais poderosas de frear conflitos e desigualdades globais. O texto, intitulado "Não há alternativa ao multilateralismo", foi publicado em jornais como China Daily (China), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El País (Espanha), entre outros.
Crítica à ordem internacional
Lula argumenta que a ONU, que completará 80 anos em 2025, enfrenta seu "maior desafio desde sua criação". Ele cita como exemplos recentes de falha do sistema internacional a invasão do Iraque, o conflito na Ucrânia, a crise no Oriente Médio e a omissão diante do conflito em Gaza.

"Alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A omissão frente ao genocídio em Gaza é a negação dos valores mais básicos da humanidade", escreveu.
Crise econômica e climática
O presidente também abordou as fragilidades do sistema econômico global, citando o "esvaziamento" da Organização Mundial do Comércio (OMC) e as desigualdades agravadas após a crise financeira de 2008. Ele destacou que, "enquanto o 1% mais rico acumulou US$ 33,9 trilhões na última década, mais de 700 milhões de pessoas continuam vivendo na pobreza extrema".
Na questão climática, Lula criticou o descumprimento de acordos como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris. "O ano de 2024 foi o mais quente da história, mostrando que a realidade está se movendo mais rápido do que nossas promessas", afirmou.
Defesa de um multilateralismo reformado
Segundo o texto, o presidente brasileiro defende a reforma das instituições internacionais, em vez de seu desmantelamento. Ele observa que embora a ONU e outras organizações têm contribuído para avanços significativos, como a erradicação da varíola e a proteção da camada de ozônio, enfatiza que essas entidades precisam ser modernizadas para se adequar às realidades contemporâneas.
Lula destacou também o papel do Brasil em promover o diálogo, citando a presidência do G20 em 2024 e a liderança da COP30 em 2025.

