Lula exalta BRICS e Sul Global: 'Nós cansamos de ser subordinados ao Norte'

O presidente ressaltou o desejo de independência entre os países no comércio exterior, enaltecendo iniciativos como o comércio em moedas nacionais.

Em entrevista ao Jornal Nacional nesta quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que as novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos tenham sido motivadas por suas falas na cúpula do BRICS. Na ocasião, enalteceu o papel do grupo em garantir o fortalecimento do Sul Global.

"Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Nós queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre, e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa", declarou, apontando a discussão sobre uma moeda própria do grupo e a utilização de moedas nacionais no comércio exterior como alternativas ao uso do dólar.

O presidente argumentou que a participação de países em instituições multilaterais se encontram no âmbito da soberania de cada país. Como exemplo, afirmou que o Brasil "nunca ficou nervoso com a participação [dos EUA] no G7, nem com as coisas que os Estados Unidos fazem".

Ao concluir o assunto, apontou que o presidente dos EUA, Donald Trump, deve "se cercar com pessoas que o informem corretamente sobre como é virtuosa a relação Brasil-Estados Unidos".

"Utilizará a Lei da Reciprocidade quando necessário"

O presidente brasileiro garantiu que, caso as negociações brasileiras não tenham sucesso em âmbitos como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Governo Federal irá utilizar a Lei da Reciprocidade Econômica para retaliar contra a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump na quarta-feira (9).

"Primeiro, eu não perco a calma e não tomo decisão com 39º de febre: o Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando necessário. E o Brasil vai tentar, junto com a OMC (...), com que tome uma posição para saber quem está certo e quem está errado", detalhou.

Lula ainda detalhou que, embora Trump tenha detalhado que qualquer tarifa retaliatória seria respondida na mesma taxa por Washington, o Brasil responderia à altura. "Se ele ficar brincando de taxação, vai ser infinita essa taxação, nós vamos chegar a milhões e milhões de porcento de taxa", afirmou

"O que o Brasil não aceita é intromissão nas coisas do Brasil", garantiu.

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