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Irã lista condições para retomar negociações nucleares com EUA

Chanceler iraniano exigiu compromisso de Washington com respeito mútuo e não agressão militar.
Irã lista condições para retomar negociações nucleares com EUAGettyimages.ru / Horacio Villalobos/Corbis

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou, em entrevista publicada pelo Le Monde nesta quinta-feira (10), que o país está disposto a retomar o diálogo com os Estados Unidos sobre seu programa nuclear, desde que haja garantias de que Washington não realizará ataques militares durante as negociações.

Entre as exigências, Araghchi destacou que os EUA devem oferecer "garantias contra qualquer ataque", reconhecer "erros cometidos" e demonstrar "respeito mútuo". "Sem esses compromissos, não há possibilidade de diálogo", garantiu o chanceler ao jornal francês.

Além disso, o ministro foi categórico ao afirmar que o programa iraniano não será discutido. "É um programa defensivo e de dissuasão ", enfatizou.

A entrevista foi feita por escrito por "motivos de segurança", que impediram um encontro presencial ou por vídeo.

O chanceler iraniano criticou os ataques a locais que estavam sob supervisão da AIEA e disse que houve "danos graves". De acordo com ele, o Irã não tem direito de buscar compensações. Araghchi defendeu o caráter pacífico do programa , que visa atender demandas nas áreas de "energia, medicina, produtos farmacêuticos e agrícolas".

Ainda segundo Araghchi, canais diplomáticos seguem ativos por meio de países aliados e mediadores, e a retomada formal das negociações poderá ocorrer conforme as condições evoluírem. "O diálogo sempre foi, e continua sendo, um pilar da política externa iraniana", reforçou.

Crítica a Europa

Araghchi também criticou a postura de países europeus diante do conflito. Segundo Araghchi, se a Europa deseja exercer um papel central no cenário internacional, deve agir com independência e imparcialidade. Ele apontou como exemplo a falta de condenação à ofensiva israelense e ao ataque americano às instalações iranianas, citando diretamente a França.

"Como exigir que o Irã siga as regras do jogo internacional, se países como a França não condenam abertamente agressões militares e ainda toleram que outras nações desenvolvam ou comercializem mísseis de longo alcance?", questionou. O ministro destacou que o arsenal iraniano é limitado e voltado exclusivamente à defesa do país.

Na mesma entrevista, o ministro confirmou a prisão de Lennart Monterlos, cidadão com dupla nacionalidade francesa e alemã acusado de cometer um crime.

As declarações ocorreram após ataques ocorridos entre os dias 13 e 25 de junho por Israel e pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas. Donald Trump afirmou que os bombardeios "destruíram" o programa nuclear iraniano. Já Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou que os ataques apenas o "atrasaram por alguns meses".