Alemanha poderia ter sua bomba nuclear em 'poucos meses', afirma chefe da AIEA

A Alemanha tem capacidade técnica e material para desenvolver seu próprio arsenal nuclear em questão de meses, caso optasse por isso, afirmou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, em entrevista ao jornal polonês Rzeczpospolita publicada nesta quarta-feira (10).

Maior depósito nuclear do mundo ameaça a Europa: o que se sabe?

"A Alemanha possui o material nuclear necessário e sabe como fabricar uma bomba. Tem toda a tecnologia", disse Grossi. O chefe da AIEA também destacou que os países europeus continuam comprometidos com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e "chegaram à conclusão de que um mundo onde todos tivessem acesso a armas nucleares conduziria à catástrofe".

Ainda assim, Grossi alertou que, se os líderes europeus decidissem abandonar o TNP, o planeta poderia testemunhar uma proliferação generalizada: "Estaríamos em um cenário em que 20 ou 30 países teriam armas nucleares". "O potencial para construí-las existe em toda a Europa Ocidental, em muitos países asiáticos e até mesmo no Golfo Pérsico. Retornaríamos à lei da selva, onde cada um age por conta própria. A dissuasão nuclear deixaria de funcionar e essas armas acabariam sendo usadas", afirmou. 

Apoio público em crescimento

Desde 1990, a Alemanha é legalmente impedida de desenvolver armas nucleares, conforme estipula o Tratado Dois Mais Quatro, assinado após a reunificação do país. No entanto, o debate sobre uma possível mudança nessa postura voltou à tona recentemente, especialmente após o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Segundo duas pesquisas divulgadas no início de março, entre 31% e 38% dos alemães se declararam favoráveis à aquisição de armamento nuclear por parte do país. Embora ainda representem uma minoria, os índices mostram crescimento consistente em relação aos anos anteriores.