O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista Christina Lemos, do Jornal da Record, em que criticou duramente a atitude e postura do presidente norte-americano, Donald Trump, ao anunciar uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros.
Embora priorize a negociação em um primeiro momento, Lula não descartou retaliar as tarifas norte-americanas através de taxas semelhantes.
"O que mais vai valer é o seguinte: nós temos a lei da reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional. E não tenha dúvida que, primeiro, nós vamos tentar negociar", detalhou. Porém, garantiu que, caso não haja sucesso nas tratativas, "a lei da reciprocidade será colocada em prática".
"Se ele vai cobrar 50 de nós, nós vamos cobrar 50 deles", enfatizou.
O presidente também demandou respeito ao mandatário norte-americano, acusando-o de desconhecer a realidade comercial entre os dois países.
"Em 2023, exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 47 bilhões dos EUA. Tivemos um déficit de US$ 7 bilhões. E, se somarmos os últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit de US$ 410 bilhões com os americanos. Será que ninguém do Tesouro explicou isso para ele antes de ele escrever aquela carta absurda?", questionou.
"Respeito é bom, e eu gosto de dar e gosto de receber. Não pensem que temos complexo de vira-lata. A gente não tem medo", declarou.
No mesmo tom, Lula defendeu as instituições brasileiras, frente às críticas de Trump sobre o processo judicial enfrentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Eles têm que respeitar o nosso Judiciário como eu respeito o deles. Se o que Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro e poderia até ser preso", declarou, destacando a atuação independente do Judiciário.
Sobre a atuação das plataformas de mídias sociais, Lula esclareceu que "quem estabelece as regras no Brasil é o Congresso Nacional e o Judiciário. Nenhuma empresa estrangeira pode vir aqui e ignorar nossas leis".
ENTENDA O AUMENTO DAS TENSÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E EUA EM NOSSO ARTIGO.