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Exportadores brasileiros se mobilizam e apelam: tarifa de Trump torna vendas aos EUA 'inviáveis'

A medida imposta pelo presidente dos EUA afeta indústrias como a do café, carnes, e plásticos e pode gerar prejuízos bilionários.
Exportadores brasileiros se mobilizam e apelam: tarifa de Trump torna vendas aos EUA 'inviáveis'Gettyimages.ru / Alex Wong

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (9) uma tarifa de até 50% sobre produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor em 1º de agosto.

Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a taxação com base em centenas de "ordens de censura secretas e ilegais" emitidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra plataformas de mídia social dos Estados Unidos, além de mencionar multas milionárias.

Reação do setor produtivo

José Augusto de Castro, presidente-executivo da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), avalia que a medida não tem motivação econômica: "É certamente uma das maiores taxações a que um país já foi submetido na história do comércio internacional, só aplicada aos piores inimigos, o que nunca foi o caso do Brasil", disse à Folha de S.Paulo.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) compartilha a visão de que se trata de uma decisão política, com potencial de causar danos ao setor produtivo. Em nota, defendeu a intensificação das negociações com Washington para "preservar a relação comercial histórica" e reforçou a importância de manter uma "comunicação construtiva".

José Ricardo Roriz, presidente do conselho de administração da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), criticou a condução do caso, afirmando que o Brasil perdeu a chance de “ficar fora do cenário de guerras e disputas comerciais”.

Segundo ele, o impacto será sentido em diversos setores da indústria e do agronegócio, já que quase todos os produtos manufaturados utilizam plástico em sua composição ou embalagem. Roriz alerta que, com esse nível de tarifa, exportar se tornará inviável, especialmente no caso de itens de maior valor agregado.

Café e carne também pressionam por solução

No setor cafeeiro, os Estados Unidos são o principal mercado consumidor global, onde o Brasil detém cerca de 30% de participação.

Marcos Matos, diretor-executivo do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), afirmou que a entidade acompanha a decisão e, em parceria com a National Coffee Association e empresas associadas, tem atuado com uma agenda propositiva.

“Estamos otimistas de que o bom senso prevaleça e que haja previsibilidade no mercado, já que sabemos que o peso da taxação recairá sobre o consumidor americano. Qualquer fator que afete o consumo é prejudicial para o fluxo comercial e para a indústria”, declarou.

A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) afirmou em nota que "qualquer aumento de tarifa sobre produtos brasileiros representa um entrave ao comércio internacional e impacta negativamente o setor produtivo da carne bovina".

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