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Israel quer confinar todos os habitantes de Gaza em 'cidade humanitária' com proibição de saída

Especialistas comparam o plano do ministro da Defesa israelense a "um crime contra a humanidade".
Israel quer confinar todos os habitantes de Gaza em 'cidade humanitária' com proibição de saídaMajdi Fathi / Gettyimages.ru

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou na segunda-feira (7) que Tel Aviv pretende construir uma "cidade humanitária" no sul da Faixa de Gaza, onde seriam confinados todos os moradores do território palestino.

Segundo o plano, a estrutura seria erguida sobre as ruínas da cidade de Rafah e abrigaria inicialmente cerca de 600 mil palestinos que vivem atualmente na região de Mawasi. Antes, porém, os residentes seriam submetidos a investigações para impedir a entrada de membros do Hamas.

Uma vez instalados no local, os habitantes não poderiam sair. Katz afirmou que, embora as IDF seriam as responsáveis pela segurança do local "à distância", os organismos internacionais que administrariam a área, embora não tenha especificado quais. Também seriam criados pontos de distribuição de ajuda humanitária.

A construção da "cidade" poderia começar durante um eventual cessar-fogo.

Críticas

O plano recebeu duras críticas, pois implica deslocamento em massa e concentração da população sob rigorosa vigilância militar. "Não é humanitário nem uma cidade", disse Amos Goldberg, historiador do Holocausto na Universidade Hebraica de Jerusalém, ao The Guardian.

"Uma cidade é um lugar onde você tem oportunidades de trabalhar, ganhar dinheiro, fazer contatos e ter liberdade de movimento", acrescentou o professor, observando que o local "não será um lugar habitável".

Na mesma linha, o advogado Michael Sfard, um dos mais conhecidos defensores dos direitos humanos em Israel, declarou que o ministro "apresentou um plano operacional para um crime contra a humanidade". "É exatamente isso", enfatizou.

Anteriormente, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou em uma reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, que tanto os EUA quanto Israel estão procurando países que possam dar aos palestinos um "futuro melhor".