Notícias

ONU perdeu autoridade e virou promotora de guerras, diz Lula

Lula citou Iraque e Líbia como exemplos do colapso do papel pacificador da ONU.
ONU perdeu autoridade e virou promotora de guerras, diz LulaReprodução/Divulgação Redes Sociais

Durante seu discurso de encerramento na Cúpula do BRICS nesta segunda-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma série de críticas à atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), com foco na perda de autoridade do Conselho de Segurança e na falta de representatividade global.

Segundo ele, a ONU não apenas deixou de evitar guerras, como passou a promovê-las. "O Conselho de Segurança da ONU, que deveria ser o paradigma para tentar evitar que essas guerras acontecessem... Eles foram os promotores", afirmou Lula, ao citar diretamente a guerra do Iraque, a invasão da Líbia e o conflito na Ucrânia.

O presidente também afirmou que a organização perdeu completamente a autoridade para negociar a paz.

"E depois a ONU perde credibilidade e autoridade para negociar. Quem é que negocia? A 'guerra' Rússia e Ucrânia. Quem é que negocia? Não tem uma instituição capaz de sentar na mesa os dois que estão em 'guerra', fazer uma avaliação e fazer uma proposta". 

Para Lula, a ONU falhou em atuar como mediadora e, em vez disso, passou a estar diretamente envolvida nos conflitos que deveria conter.

"A ONU deveria estar coordenando, mas a ONU não pode coordenar porque ela está envolvida nisso", disse. Ele mencionou a composição do Conselho de Segurança como um fator direto da paralisia.

"A ONU tem três [membros] até compostos no seu Conselho de Segurança, sabe, pelos países que estão envolvidos nisso. O raríssimo, a exceção, é a China que não está, mas o restante está envolvido."

Lula também mencionou a situação em Gaza como exemplo da paralisia das instituições multilaterais. Segundo ele, os ataques ultrapassaram qualquer limite e colocam em xeque o discurso oficial de que se trata de uma guerra contra o Hamas. "Isso se mata inocente, mulheres e crianças", afirmou. O presidente questionou a ausência de uma mediação efetiva e disse que a ONU "deveria estar coordenando", mas não o faz porque "está envolvida nisso".

Lula ainda criticou a ausência de países do Sul Global no Conselho de Segurança. "Qual é a explicação de uma Índia não estar no Conselho de Segurança da ONU? De um país como o Brasil? Ou México, ou a Nigéria, que tem 240 milhões de habitantes?", questionou.

Segundo ele, os países que ocupam assento permanente desde 1945 não querem abrir espaço para novos integrantes: "Os que ficaram no Conselho de Segurança em 1945 não querem permitir que outros entrem". 

O presidente também apontou que a Assembleia Geral da ONU se transformou num espaço sem compromisso concreto. "Todo ano a gente vai para a Assembleia Geral da ONU e cada presidente faz o discurso que quer, vai embora, sabe, não escuta o outro. [...] É como se fosse um shopping de produtos ideológicos. Cada um vende o que quer, compra o que quer, sem nenhum compromisso."

Por fim, Lula voltou a defender uma reformulação urgente do sistema internacional. "Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, a gente vai ter que criar novos paradigmas. [...] A gente está discutindo com muita profundidade a necessidade de mudança estrutural, inclusive no Estatuto da ONU".