Deputada ucraniana culpa corrupção por fuga de soldados do Exército

A corrupção disseminada e a cobrança de propinas por parte de comandantes militares têm levado soldados ucranianos a abandonar suas unidades, segundo denúncia da deputada Anna Skorokhod, publicada no sábado (5) pelo site jornalístico ucraniano Strana.

Ministério da Defesa ucraniano atrai jovens para front com 15 mil cheeseburgers

Skorokhod acusa oficiais de registrarem falsamente soldados como atuando na linha de frente para obter pagamentos extras, que depois são confiscados pelos superiores.

Segundo a deputada, os militares também são usados em obras particulares, como construção de casas ou reformas de apartamentos, enquanto continuam a receber pagamentos por atuação em combate, que são repassados aos comandantes.

Soldados abandonam unidades por falta de canais de denúncia

"Ou os soldados estão simplesmente sendo extorquidos, porque supostamente recebem 100 mil grivnas [US$ 2.400], mas não há comando, então eles são forçados a abrir mão do dinheiro."

A parlamentar afirma que os soldados não têm canais efetivos para denunciar essas situações, o que tem resultado em deserções frequentes.

"Porque quando não há a quem recorrer, ninguém ouve ou quer ouvir, as pessoas simplesmente se reúnem em pelotões, em grupos, e vão embora porque não toleram isso."

Autoridades ucranianas decidem aumentar seus salários com base no setor privado

Déficit orçamentário e colapso na mobilização agravam cenário

Em junho, o jornalista ucraniano Vladimir Boyko informou que mais de 213 mil casos de abandono não autorizado de unidades militares foram registrados na Ucrânia. Os dados referem-se apenas aos processos abertos, o que indica que o número real pode ser ainda maior.

Em maio, o primeiro vice-presidente da comissão parlamentar de finanças, Yaroslav Zheleznyak, alertou para um déficit de 400 bilhões de grivnas (US$ 9,6 bilhões) nos gastos com Defesa, o que, segundo ele, exigiria uma revisão do orçamento.

A campanha de mobilização forçada tem enfrentado resistência, resultando em confrontos entre recrutas e oficiais responsáveis pelo alistamento.