
BRICS busca alternativas à Bolsa de Chicago e discute integração de moedas digitais, diz Scliar à RT

Durante a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, o diretor executivo do iBRICS+, Luan Scliar, afirmou em entrevista exclusiva à RT que o grupo tem dado passos importantes rumo à construção de mecanismos econômicos independentes do Ocidente Coletivo.
"No ano passado, durante a presidência russa do BRICS, a gente teve a proposta de criação de um banco agrícola, de um fundo agrícola que conseguisse sair um pouco da dependência da Bolsa de Chicago", afirmou Scliar.
Ele também destacou avanços na criação de categorias comuns para minerais de terras raras e o fortalecimento das parcerias entre serviços geológicos dos países membros.

Essas iniciativas, de acordo com o diretor, apontam para um processo mais amplo de harmonização de estruturas técnicas e financeiras dentro da organização.
"Isso implica em criar categorias comuns para determinados assuntos. Isso se estende também a mecanismos financeiros, e há a dificuldade de conseguir falar a mesma língua, de criar categorias comuns aos países. Estamos avançando nesse processo", explicou.
Scliar revelou ainda que o Brasil pretende avançar, ainda neste ano, nas discussões sobre a regulamentação do DREX, a moeda digital brasileira.
"Existem iniciativas semelhantes em outros países do BRICS, e o DREX vem para se criar um sistema integrado de pagamentos digitais. Temos avançado nesse tema, que ainda é incipiente", pontuou, acrescentando que os resultados práticos devem aparecer apenas nos próximos anos.
O diretor também comentou sobre os desafios enfrentados pelas discussões financeiras no âmbito do grupo, atribuídos, segundo ele, à instabilidade do chamado Ocidente Coletivo. "As discussões nos Ministérios da Fazenda e Finanças dos BRICS tem diminuído, muito por conta da preocupação dos países com a instabilidade, especialmente do Ocidente Coletivo, que tem tido uma posição muito errática", observou.
Por fim, Scliar indicou que o Novo Banco de Desenvolvimento poderá ter um papel ampliado, à medida que novos países demonstrem interesse em aderir ao Acordo de Contingente de Reservas (CRA). "Acredito que isso vai acontecer nos próximos anos, não nos próximos meses, mas tampouco só nas próximas décadas, espero eu", concluiu.

