FMI e Banco Mundial são um 'Plano Marshall às avessas', denuncia Lula

Essas estruturas fazem com que países pobres 'financiem o mundo mais desenvolvido', afirmou o presidente brasileiro.

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, criticou as instituições de governança global durante seu pronunciamento na segunda sessão plenária do BRICS, realizada neste domingo (6) na cidade do Rio de Janeiro.

''As estruturas do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) sustentam um plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes financiam o mundo mais desenvolvido'', denunciou Lula, observando que o fluxo de ajuda internacional registrou queda, e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. 

Nesse contexto, Lula criticou o acúmulo exagerado de capital, destacando que apenas ''3 mil bilionários ganharam 6,5 trilhões de dólares desde 2015''.

As declarações do presidente estão em sintonia com o pronunciamento de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, durante a Reunião Ministerial de Finanças do BRICS, defendeu a necessidade de uma "reglobalização sustentável" e anunciou avanços no debate sobre a taxação de grandes fortunas.

O ministro argumentou que "nenhum país isoladamente" será capaz de responder às "legítimas aspirações da maior parte da humanidade por uma vida digna", e classificou a concentração de riqueza em meio às crises globais como "moralmente inaceitável".

Declaração conjunta

Mais cedo, foi emitida a declaração conjunta dos líderes de países do BRICS. O documento  defende a reformulação de estruturas como a ONU, o FMI e o Banco Mundial, para que estejam ''mais sintonizadas com as realidades contemporâneas'', o que exigiria maior participação dos países em desenvolvimento. Dedica-se atenção especial às mulheres, que devem estar representadas ''em todos os níveis de liderança e responsabilidade''.

No campo econômico, expressa-se "séria preocupação" com as tarifas unilaterais sem precedentes, argumentando que essas medidas "distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)".

A principal novidade no setor econômico é o anúncio do mecanismo de Garantias Multilaterais (GMB) no Banco do BRICS. A iniciativa tem por objetivo oferecer instrumentos personalizados para reduzir o risco de investimentos estratégicos, impulsionando, assim, importantes projetos no Sul Global.