Gêmeas brilham em Harvard: uma se forma com honraria máxima e outra pesquisa vacina do SUS

Sophia faz doutorado-sanduíche com foco no vírus sincicial respiratório e Sarah se formou com a maior nota.

Sophia Borges, de Goiânia, divide com a irmã gêmea não apenas a idade e a aparência física, mas também um destino acadêmico de destaque.

Enquanto Sarah Borges se tornou a primeira brasileira a conquistar o prêmio Sophia Freund na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, sua irmã Sophia trilha caminho semelhante na mesma instituição, onde cursa doutorado na área de saúde pública com uma pesquisa sobre o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS).

Aos 23 anos, Sophia é estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integra o Programa Integrado de Formação em Pesquisa em Ciências da Saúde (MD-PhD), que permite a realização conjunta da graduação em Medicina e do doutorado.

Por meio da iniciativa, ela iniciou em 2024 um doutorado-sanduíche na Faculdade de Saúde Pública de Harvard, com retorno previsto para o Brasil no fim de 2025.

"Encontrei um orientador de Harvard que estudava o mesmo tópico que eu queria [eficiência de programas de imunização públicos]. Entrei em contato com ele e consegui a oportunidade de ir para essa universidade, na Faculdade de Saúde Pública", contou a jovem ao g1.

A pesquisa conduzida por Sophia investiga como tornar o processo de decisão sobre a inclusão de novas vacinas no PNI mais equitativo, levando em consideração as regiões mais impactadas por determinadas doenças e os custos envolvidos.

Seu estudo tem como foco a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de morte e hospitalização entre recém-nascidos.

A ideia é propor um modelo matemático capaz de orientar decisões futuras dentro do SUS, não apenas sobre essa vacina, mas em outras frentes da saúde pública.

"Fico feliz em ver que a parceria que estou desenvolvendo em Harvard vai ser muito frutífera para a USP e para o Brasil. Meu orientador já demonstrou interesse em colaborar com projetos do nosso país e vai a São Paulo em setembro", afirmou.

O caminho até Harvard começou após o ingresso simultâneo, em 2020, das irmãs em cursos diferentes: Sarah, que se formaria em Psicologia na universidade americana, e Sophia, aprovada em Medicina na USP. Ambas sempre estudaram em escolas públicas e colégios particulares com bolsas, sem pressão familiar excessiva.

"Eles fizeram de tudo para que a gente estudasse nas melhores escolas, mesmo sem condição financeira", disse Sophia sobre os pais.

Na fase atual, Sophia está afastada do curso de Medicina para se dedicar ao doutorado. Assim que retornar ao Brasil e concluir o internato, obterá o diploma de médica e poderá defender sua tese de doutorado. Se tudo correr como o planejado, a jovem será doutora por Harvard aos 25 anos.