O BRICS reforçou, após a 17º cúpula do grupo realizada neste domingo (6), no Rio de Janeiro, a relevância do estabelecimento e desenvolvimento de uma plataforma de comercialização de grãos entre seus países-membros.
Na declaração de líderes, o grupo enfatizou a importância de "assegurar a segurança alimentar e nutricional" entre seus cidadãos, além de mitigar impactos da volatilidade dos preços de alimentos em escala global. Para isso, defendeu a iniciativa da Bolsa de Grãos do BRICS, apontando que ela pode contribuir para evitar crises de abastecimento e a elevação de preços nos alimentos.
"Reafirmamos a necessidade de desenvolver um sistema comercial agrícola justo e de implementar uma agricultura resiliente e sustentável", declarou.
Nesse sentido, o BRICS conclamou o aprofundamento da cooperação entre os países-membros em setores como agricultura, pesca e aquicultura, busando "acabar com a fome, eliminar todas as formas de má nutrição e erradicar a pobreza". Entre outras prioridades da colaboração, está a promoção de uma agricultura sustentável, além de investimentos em tecnologia e inovação ligados às necessidades locais.
O grupo ressaltou o protagonismo dos países-membros na produção e comercialização agrícola mundial, desempenhando um papel fundamental "no aumento da produtividade e da sustentabilidade agrícola, bem como na garantia da segurança alimentar e nutricional global". Simultaneamente, valorizou os agricultores familiares e as comunidades locais como "agentes essenciais na agricultura".
Além disso, reconheceu a importância da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa promovida pelo Brasil na presidência do G20, em 2024.
Ditados por instituições ocidentais
Os ministros da Agricultura do BRICS já haviam apoiado, em abril, a iniciativa da Associação dos Exportadores de Grãos da Rússia para criar uma bolsa de grãos.
A ambiciosa proposta desafia diretamente a ordem agrícola estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, na qual os preços e as negociações de commodities, mesmo para nações do BRICS, são ditados por instituições ocidentais, como a Bolsa de Mercadorias de Chicago, e cotadas em dólar. O objetivo é quebrar essa contradição criando mecanismos alternativos de preços e cadeias de suprimentos para o Sul Global.
"Todos os índices de ações são formados nos EUA ou na Europa, em Paris. Qual é a quantidade de grãos que os franceses produzem? Suponho que menos do que nós. E tradicionalmente, os índices de ações são formados lá", afirmou Putin no ano passado.
De acordo com a Associação dos Exportadores do Grãos da Rússia, os países do BRICS produzem mais de 1 bilhão de toneladas de grãos por ano - o que equivale a 40% da produção global.
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