O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu neste domingo (6), no Rio de Janeiro, a primeira sessão plenária da 17ª Cúpula do BRICS. Em discurso, o presidente defendeu a ordem multipolar.
Diante de desafios globais sem precedentes, o Brasil sedia a Cúpula do BRICS pela quarta vez em sua história. A ONU, criada há 80 anos como símbolo da vitória sobre o nazismo e a esperança de cooperação global, passa agora por uma profunda crise de multilateralismo, enfatizou o presidente brasileiro.
Lula declarou que a maioria dos países do BRICS estava entre os membros fundadores da ONU e que, dez anos depois, a Conferência de Bandung desafiou a divisão do mundo em esferas de influência, lançando bases para a luta por uma ordem mundial multipolar. O BRICS continua a tradição do Movimento dos Não Alinhados, mas hoje, com as instituições multilaterais sob ameaça, sua autonomia é novamente questionada.
Crise da ordem internacional
Em discurso, o presidente ainda afirmou que o direito internacional tornou-se "letra morta": o mundo está enfrentando um número recorde de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, e o Conselho de Segurança da ONU está paralisado e perdendo credibilidade. A OTAN está alimentando uma corrida armamentista e os países estão gastando mais com guerra do que com desenvolvimento, diz Lula.
- Dois pesos e duas medidas: o Conselho de Segurança é ignorado antes do início de conflitos armados e as organizações internacionais, como a AIEA, são usadas para fins políticos.
- Injustiça: A ocupação da Palestina, a crise ucraniana, bem como conflitos na África e no Oriente Médio continuam sem solução. O Brasil condena o terrorismo do Hamas, mas também rejeita o genocídio em Gaza e exige a criação de um Estado palestino soberano.
- Crises negligenciadas: O Haiti, o Sahel e outras regiões continuam sem solução, e o terrorismo preenche o vácuo dos conflitos não resolvidos.
BRICS como alternativa
Se o atual sistema de governança não reflete as realidades do século XXI, nessas condições, o BRICS se apresenta como um catalisador de transformação profunda, oferecendo um modelo alternativo de cooperação internacional baseado nos princípios de justiça, inclusão e respeito à diversidade da ordem mundial, comentou Lula.
- Reforma da ONU: O Conselho de Segurança deve se tornar mais representativo, incluindo membros permanentes da Ásia, África e América Latina.
- Paz por meio do diálogo: o Grupo de Amigos da Paz (China, Brasil e Sul Global) está buscando maneiras de resolver conflitos.
- Nova economia: O mundo gasta trilhões em armamentos, mas não consegue cumprir seus compromissos com o desenvolvimento sustentável.
Ao final de seu discurso, Lula acrescentou que "cada dia que passamos com uma estrutura internacional arcaica e excludente é um dia perdido para solucionar as graves crises que assolam a humanidade", enfatizando assim a importância de desenvolver um sistema mundial multipolar.
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