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Professor da UFRJ cobra entrada da Venezuela no BRICS: 'Sentimos falta de Maduro na conferência'

Especialista afirma que BRICS precisa superar barreiras internas e ampliar presença da América Latina.
Professor da UFRJ cobra entrada da Venezuela no BRICS: 'Sentimos falta de Maduro na conferência'RT

A ausência do presidente venezuelano Nicolás Maduro na cúpula dos BRICS foi criticada pelo professor Carlos Eduardo Martins, do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em entrevista à RT neste sábado (5), o analista defendeu a entrada da Venezuela no grupo e apontou que o veto à participação do país representa um entrave político a ser superado.

"Sentimos a falta de Nicolás Maduro nessa conferência. Sabemos que a Venezuela, com suas reservas estratégicas de petróleo, é um país de grande importância. E sua entrada nos BRICS muito fortaleceria o bloco", afirmou Martins.

Segundo ele, há expectativa de que os países latino-americanos presentes na cúpula avancem nesse debate. "Espera-se que, nas discussões entre os latino-americanos, se possa superar o veto que foi colocado à entrada da Venezuela na Conferência de Casas", disse.

Martins destacou ainda que ampliar a presença da América Latina no BRICS é essencial para o fortalecimento da soberania regional. "A presença, por exemplo, da Colômbia, buscando talvez cooperar com os BRICS de alguma maneira, é absolutamente importante. Colômbia e México estão entre os países mais populosos da América Latina, com conflitos absolutamente importantes."

Soberania, saúde e nova ordem monetária

Durante a entrevista, o professor elencou temas que, segundo ele, devem avançar na atual cúpula dos BRICS. Entre os principais, estão a criação de um modelo de saúde voltado para os países em desenvolvimento, a transição energética e a construção de alternativas ao sistema financeiro baseado no dólar.

"Buscar mecanismos de facilitação dos investimentos e do comércio entre os países do BRICS, e tratar o tema de uma alternativa ao dólar. Acho que se pode avançar nesse aspecto", pontuou Martins.

O professor também defendeu uma atuação mais incisiva do grupo nas pautas internacionais. Para ele, os BRICS devem trabalhar para ampliar a composição do Conselho de Segurança da ONU e assumir uma posição crítica em relação às ações do imperialismo no Oriente Médio, com foco nas situações recentes no Irã e em Gaza.

Eventos estratégicos no Rio de Janeiro

A agenda deste sábado (5) da cúpula dos BRICS incluiu a reunião dos Governadores do New Development Bank (NDB) e o Fórum Empresarial. Participam ministros, representantes de bancos centrais, empresários e chefes de Estado, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os debates abordaram temas como industrialização do Sul Global, segurança alimentar, economia digital e cooperação financeira. Um comunicado conjunto com as posições econômicas do bloco está previsto ao final do encontro entre ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais.

Para Martins, a conferência representa uma oportunidade para o fortalecimento da soberania dos países do Sul Global. "A conferência dos BRICS é uma conferência que pode criar o lastro para se dar exatamente essa segurança que os países esperam para fazer seus negócios, para fazer sua cooperação internacional, sem estarem ameaçados por sanções", afirmou.

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