
Chinesa Keeta detalha no BRICS como vai enfrentar o iFood e dominar o delivery no Brasil

A disputa por liderança no mercado de delivery no Brasil ganhou um novo capítulo durante a cúpula do BRICS, que ocorre neste fim de semana no Rio de Janeiro. O CEO da Keeta, Tony Qiu, subiu ao palco do fórum internacional neste sábado (5) para apresentar os planos de expansão da plataforma, braço internacional da gigante chinesa Meituan, no país. A empresa pretende estar presente em todo o território nacional até o fim de 2026.
A ofensiva da Meituan no Brasil começou a se desenhar ainda no primeiro semestre. Em maio, a companhia confirmou oficialmente a chegada ao país por meio da Keeta e anunciou um investimento de R$ 5,6 bilhões nos próximos cinco anos.
A estratégia envolve não apenas a abertura de mercado, mas também a geração de empregos diretos e indiretos, com a instalação de uma central de atendimento no Nordeste e promessas de até 100 mil postos indiretos.
Agora, durante a reunião do BRICS, Tony Qiu, que também é vice-presidente da Meituan, apresentou números de impacto para reforçar a credibilidade da marca junto ao público brasileiro.

"Na China, onde temos mais de 14,8 milhões de comerciantes ativos, criamos programas de treinamento para ajudá-los a melhorar suas operações de diversas maneiras", afirmou o executivo. Ele também destacou o uso de inteligência artificial como diferencial, citando a plataforma de IA da Meituan, que processa 2,9 bilhões de planos de rota por hora nos horários de pico.
A escolha do BRICS para oficializar os próximos passos da Keeta não foi por acaso. A empresa deseja atrair restaurantes parceiros, especialmente em um setor ainda altamente concentrado. Segundo estimativas do mercado, o iFood detém mais de 80% do setor de entregas de comida no Brasil.
O discurso de Qiu durante o fórum também teve como alvo esses empreendedores locais. Ele ressaltou que a plataforma está preparada para oferecer alternativas mais vantajosas em termos operacionais, com foco em eficiência, digitalização e aumento de receita dos comerciantes.

Presença crescente no país
Antes da aparição no BRICS, a Keeta já havia dado passos concretos rumo à sua instalação no Brasil. Em maio, a Meituan registrou oficialmente a marca Keeta junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e iniciou o processo de recrutamento de profissionais. Foram abertas 37 vagas, incluindo posições estratégicas como diretor de operações em São Paulo, chefe de relações públicas e chefe de experiência do usuário.
A equipe inicial, sediada na Vila Olímpia, em São Paulo, conta majoritariamente com executivos chineses. Entre os nomes destacados está a economista Nancy Cai, que já atuou em empresas como Uber, ByteDance e Alibaba. A Keeta também lançou um portal para cadastro de entregadores, incluindo profissionais com moto, bicicleta ou carro, e sinalizou busca por operadores logísticos com frota própria.
Além disso, a Meituan solicitou o registro da marca "Keeta Drone", embora ainda não tenha confirmado se pretende usar a tecnologia no Brasil neste primeiro momento. O serviço já é realidade em Hong Kong, Dubai e na China continental.

