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Dilma critica uso de sanções como 'ferramenta de subordinação política' em discurso no NDB

Presidente do banco do BRICS alerta para fragmentação global e defende fortalecimento do Sul Global.
Dilma critica uso de sanções como 'ferramenta de subordinação política' em discurso no NDBWilson Dias/Agência Brasil

Durante a reunião preparatória para a Cúpula do BRICS, realizada nesta sexta-feira (5) no Rio de Janeiro, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, defendeu o fortalecimento das instituições multilaterais do Sul Global e criticou o uso de sanções econômicas, tarifas e restrições financeiras como instrumentos de dominação política.

"O mundo de hoje não é o mesmo de 2015" [fundação do NDB], afirmou. "Ele está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas. Crises climática, econômica, geopolítica. O multilateralismo está sob pressão".

Segundo Dilma, o cenário atual exige maior cooperação entre os países em desenvolvimento, além da criação de instituições que reflitam os desafios contemporâneos, e não os moldes do pós-Segunda Guerra Mundial. "Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política", disse.

No discurso, a presidente do NDB reforçou que o banco nasceu como "uma alternativa, mas acima de tudo como uma afirmação" de um novo modelo de desenvolvimento.

"A declaração de que os países BRICS e o Sul Global deixariam de ser apenas um receptor passivo de modelos de crescimento a eles impostos, para tornar-se um ativo arquiteto de seu próprio futuro", pontuou.

Dilma também destacou a governança do NDB, baseada na igualdade entre os membros, como prova do compromisso com a horizontalidade e a soberania nacional. "Nenhum país domina, nenhuma voz é silenciada", frisou. Ela reiterou que a missão da instituição continua essencial, com foco no desenvolvimento sustentável, justo e resiliente.

A presidente do NDB afirmou que a próxima década será decisiva para o bloco e defendeu uma atuação mais ousada da instituição em áreas como infraestrutura verde, transição energética e inclusão digital.

"O financiamento climático, mais do que uma mera promessa, deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação, transição energética e resiliência", disse, enfatizando a necessidade de alcançar os países mais vulneráveis.

Ela também defendeu o fortalecimento do financiamento em moeda local e a expansão de parcerias com bancos nacionais de desenvolvimento, o setor privado e a academia. "Devemos continuar sendo uma plataforma de confiança, em um mundo marcado por confrontos e desconfiança."

Encerrando a fala, Dilma declarou que o NDB está apenas no começo de sua missão e propôs que a próxima década seja "a década de ouro" da instituição. "Que essa seja a década em que atuemos com ousadia, pensemos a longo prazo e permaneçamos fiéis ao espírito que deu origem a essa instituição", concluiu.