Lula delineia cinco prioridades do Brasil no Mercosul

O Brasil assume a presidência do bloco com o desafio de avançar em negociações estagnadas e fortalecer alianças.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, delineou nesta quinta-feira (3) as cinco diretrizes que seguirá durante sua presidência pro tempore do Mercado Comum do Sul (Mercosul), com o objetivo de transformar o bloco em um "parceiro confiável" em meio à incerteza comercial.

Após a abertura da cúpula que está sendo realizada em Buenos Aires, Lula enfatizou que as prioridades serão (1) fortalecer o mecanismo para atrair mais mercados internacionais, bem como reduzir os riscos cambiais por meio do uso de cestas de moedas.

Por outro lado, o presidente falou sobre a redução dos custos de câmbio das transações comerciais digitais utilizando os sistemas monetários dos países no mecanismo.

O presidente afirmou estar "confiante" de que os acordos de livre comércio com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA, sigla em inglês) serão assinados antes do final do ano.

Lula também ressaltou que espera avançar nos acordos comerciais com Canadá, Emirados Árabes Unidos, Panamá e República Dominicana, além de renovar os acordos com Colômbia e Equador.

Uma visão para a Ásia

Lula afirmou que "é hora de o Mercosul olhar para a Ásia", a qual chamou de "centro dinâmico da economia mundial".

O presidente adiantou que a melhoria da integração da região por meio de infraestruturas adequadas, como o corredor Bioceânico, estará no radar de Brasília para os próximos seis meses de presidência rotativa.

Esta ambiciosa iniciativa visa conectar os oceanos Atlântico e Pacífico por uma via de transporte que atravessa Brasil, Argentina, Paraguai e Chile, reduzindo para em até duas semanas o tempo do transporte de mercadorias entre a América do Sul e Ásia, estimou o presidente Lula.

Também haverá um foco na (2) ampliação das capacidades tecnológicas e nas estratégias de (3) mitigação das mudanças climáticas.

O presidente brasileiro afirmou que a agricultura sustentável seria fortalecida por meio do programa Mercosul Verde e lembrou que a região possui algumas das reservas minerais mais importantes do mundo e, portanto, gostaria de extender sua proposta a outros países.

Outra prioridade estabelecida foi (4) combate ao crime organizado, que, segundo o presidente, "ameaça a autoridade do Estado" e pediu uma "ação coordenada" para "estrangular os recursos que financiam a indústria do crime".

Por fim, Lula chamou atenção para a necessidade de se (5) "promover os direitos dos cidadãos": "Sem a inclusão social e a luta contra a desigualdade, não haverá progresso real".