O governo brasileiro firmou um acordo com a Alemanha para repatriar quatro fósseis de origem brasileira, atualmente sob custódia de um museu na cidade de Hannover, informou a Folha de S.Paulo. A negociação foi concluída em 13 de junho, durante uma reunião em Berlim com autoridades dos dois países, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Os fósseis a serem devolvidos incluem dois peixes pré-históricos das espécies Vinctifer comptoni e Notelops, um réptil aquático Mesosaurus tenuidens e um tronco de uma planta gimnosperma. As peças têm entre 110 e 280 milhões de anos e pertencem a formações geológicas encontradas em território brasileiro.
Apesar do avanço diplomático, ainda não há uma data definida para a devolução e sobre quem arcará com os custos logísticos. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDES) do MCTI, Inácio Arruda, as embaixadas dos dois países seguem discutindo os detalhes do traslado com apoio de quatro universidades alemãs envolvidas no processo.
Não deveria trocar "migalhas"
Segundo uma pesquisa publicada em 2022, a Alemanha conta com parte significativa dos fósseis que saíram do Brasil de maneira irregular. Pesquisadores como a professora de paleontologia Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), questionou a escolha dos fósseis, considerados exemplares comuns.
Segundo afirmou à Folha, a acadêmica se preocupa que o envio dos quatros fósseis busque apaziguar diplomaticamente o Brasil e a comunidade internacional, enfraquecendo demandas de repatriação de objetos mais cientificamente relevantes. Para a intelectual, o Brasil não deveria trocar "migalhas" pelo que "por direito deveria ser restítuido".
Nesse sentido, uma petição online já reúne mais de 30 mil assinaturas pela repatriação do dinossauro Irritator, atualmente exposto no Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, também na Alemanha.