
Para especialista da USP, Brasil jamais permitirá que BRICS seja 'antiocidental'

Às vésperas da cúpula do BRICS no Museu de Arte Moderna, o Brasil assume papel central para evitar que o bloco se transforme em um eixo "antiocidental", afirmou o diretor acadêmico do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Feliciano Guimarães, em entrevista à Agência Brasil publicada no domingo (29).

Segundo ele, a expansão do grupo e as posições adotadas por países como Irã e Rússia podem levar o BRICS a se tornar uma frente geopolítica.
"O Brasil jamais vai deixar isso acontecer. O nosso objetivo não é entrar em conflito com o Ocidente", opina Guimarães.
O pesquisador apontou o Brasil como força moderadora, já que o país, afirmou, é "uma nação próxima do Ocidente".
"Nosso objetivo não é entrar em conflito com o Ocidente, do ponto de vista político ou geopolítico. A ideia do BRICS é melhorar a cooperação entre os países que se sentiam sub-representados na ordem internacional liderada pelos Estados Unidos e pelos europeus", declarou.
Novos desafios
Guimarães abordou também a ampliação do BRICS, que traz dilemas com a entrada de Irã, Etiópia, Emirados Árabes e Indonésia. Para ele, embora o crescimento fortaleça o grupo como contraponto ao G7, a influência brasileira tende a se diluir no curto prazo.
"Para o Brasil, aumentar o número de membros é negativo no curto e no médio prazos porque faz com que o privilégio que o Brasil tem de participar de um grupo de cinco países cujos três membros – Índia, Rússia e China – são grandes potências ou, se não grandes potências, países muito importantes na ordem internacional, como no caso da Índia, agora isso está diluído", afirmou.
O especialista também comentou a reconfiguração global, dizendo que o BRICS não busca substituir a ordem vigente, mas reformar instituições para torná-las "cada vez mais inclusivas e que tenham mais representatividade dos países em desenvolvimento, do Sul Global, mas também do Norte Global, baseado na ideia de igualdade, equilíbrio de poder e tudo mais".
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