
Sem IOF, governo Lula busca alternativas: Haddad mira supersalários, mercado pressiona por cortes

Com a derrubada do IOF aprovada pelo Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), enfrenta o desafio de fechar as contas de 2025 sem abrir mão da meta de déficit zero. A decisão, impulsionada pelo Centrão, elimina uma fonte de arrecadação bilionária, e o governo estuda recorrer ao STF para tentar revertê-la, segundo o UOL.

O IOF incidia sobre operações de crédito, câmbio e seguros. Sem ele, para manter o compromisso de "déficit zero", a Fazenda avalia duas opções: (1) enfrentar os privilégios do alto funcionalismo e os subsídios empresariais ou (2) atender à pressão do mercado, que propõe congelar o salário mínimo por até seis anos.
A primeira via prevê o corte de supersalários acima do teto constitucional, hoje em R$ 44 mil, e a revisão de benefícios a grandes grupos econômicos. A segunda aposta na contenção dos reajustes reais do salário mínimo e na desvinculação dos benefícios sociais.
Em palestra em abril nos EUA, o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, defendeu a paralisação dos ganhos reais do mínimo por seis anos. "Seis anos congelados já ajudaria", afirmou.
Desde 2023, o salário mínimo é reajustado pela inflação mais o crescimento do PIB de dois anos antes, limitado a 2,5% acima da inflação. A regra garantiu aumento real a trabalhadores de baixa renda, mas é vista pelo mercado como um peso para as contas públicas, diante do envelhecimento da população e da maior demanda por benefícios.
A disputa orçamentária opõe o mercado financeiro, interessado em limitar os gastos sociais, ao governo, que tenta preservar políticas públicas diante das restrições fiscais e da pressão do Congresso.
